O medo é um sentimento atávico, isto é, contagiante. Como o rato da “Pequena Fábula” de Kafka nos impede de tomarmos as decisões mais acertadas porque nos leva à precipitação. Ao invés de mudarmos de direção nos induz em direção ao que mais tememos. Esse medo que paralisa definitivamente não é a melhor atitude a ser tomada. Não que temer seja necessariamente algo ruim, ainda que soe contraditório, aliás, a cautela seria o medo controlado com revestimento de coragem. Como dizia Montaigne, só há coragem onde existe medo. Aquele que não sente medo, não pode ser corajoso e será dito temerário, um louco rumo ao precipício. O medo que aqui se trata é aquele que nos controla, ou, pior: que permite que nos controlem. Todos temem, seja o medo da morte, do desconhecido, da incerteza, da felicidade...sim, até mesmo a felicidade é temida. Talvez tenhamos medo dela porque tememos perdê-la, receamos experimentá-la e, depois, não suportar mais viver na sua ausência. Veja