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Comportamento urbano e a violência


Nos dias atuais constatamos a escalada exponencial da violência nos grandes centros urbanos proporcionalmente ao crescimento demográfico mundial: logo seremos 7 bilhões.

Na sociedade de consumo, banalizamos o mal, e qualquer coisa é motivo para brigas, ataques ou até homicídios. A civilização da informação e tecnologia desvinculou- se dos princípios, da ética e da moral. É o caso do ótimo ser pior que o bom, ou seja, preferimos defender nossas razões a qualquer preço, inclusive o da violação da vida e dignidade humanas. E isso em todos os níveis, inclusive os institucionais.

Ao que parece a violência e o crime é uma característica de nossa natureza, ou melhor, da parte obscura dela. Não há lugar onde o crime não ocorra, e os sistemas judiciais reconhecem esse fenômeno, não pretendendo eliminá- lo utopicamente, mas controlá- lo a níveis razoáveis onde haja o mínimo de condições de coexistência.

Há uma centena ou mais de tipos e espécies de violência, como os que destaco aqui no blog: assédio moral, bullying, cyberbullying, assédio sexual, homofobia, xenofobia etc. Aliás, o objetivo aqui é exatamente levantar a discussão sobre esta faceta humana, obviamente sem a pretensão de adotar a postura de um especialista, mas emitir minha opinião e visão de mundo, mais pra chamar a atenção do que propriamente pra convencer alguém a concordar comigo. É claro que como cidadão eu defendo minhas convicções e me associo aqueles que pretendem construir uma sociedade livre e justa.

Que o capitalismo ao longo de sua existência vem dilapidando princípios e pilares importantes da sociedade, é de fácil constatação, tanto que foi necessária a intervenção do Estado para garantir a proteção dos Direitos fundamentais e individuais contra o arbítrio e o abuso dos insaciáveis donos do capital.

Tornamos-nos condicionados pelos desejos dos sedentos de lucro. Através dos meios de comunicação, somos bombardeados o tempo todo pra querer o que nem sequer sabíamos que existia. Nossos valores foram, então, substituídos pelo eterno desejo de consumir, a ponto de termos, hoje, pessoas com sérios problemas de consumo obsessivo. Temos que ter, pra sermos felizes e depois ao conseguir o objeto do desejo de consumo, acaba a felicidade, num ciclo interminável. Mas, nem todos podem comprar o mesmo que outros, pois no capitalismo a regra é a desigualdade. Nessa equação os elementos são: super população, escassez e desejos estimulados. Será que fica fácil constatar por que, aqui no Brasil, um excluído é capaz de matar por causa de um par de tênis?

Os fatores deflagradores da violência são inúmeros, e, na realidade não escolhem a classe e o nível sócio econômico. É o filhinho do deputado que queima o índio por brincadeira, a garota estudante de Direito que manda o namorado matar os pais, o pai que mata a filha auxiliado pela madastra desta, o médico famoso que abusa sexualmente de suas clientes, o jornalista que mata sua ex- namorada, o professor que mata sua aluna por estar obscecado por ela etc. Na outra linha temos os narcotráfico que recruta crianças abandonadas pelo Estado e estigmatizadas pela sociedade, os bandidos de farda que deveriam nos proteger, mas se tornam opressores dos vulneráveis, e por aí vai.

E o que leva alguém a adotar um comportamento violento ou criminoso? A primeira pergunta é, por que nos comportamentos desta forma? Os cientistas do comportamento descobriram em suas pesquisas que é porque aprendemos. Sim, é a aprendizagem que permite que realizemos toda a variedade comportamental de que dispomos. Obviamente que pra que um determinado comportamento se instale a ponto de gerar uma mudança duradoura, ele deve vir acompanhado de reforçadores. Grosso modo, seria o mesmo dizer que nós manifestamos determinadas respostas, produzidas por determinados estímulos, dentro de circunstâncias específicas que nos motivariam a fazer ou evitar determinada linha de ação. Sendo assim, nossos mecanismos de defesa que foram construídos durante o processo evolutivo humano produzem todo o conjunto de características que possuímos pra reagir aos estímulos. No que diz respeito a violência, não é diferente.

Acontece que com a escalada da violência estamos presenciando um outro fenômeno ser desencadeado e que tem prejudicado muita gente: as doenças emocionais- Depressão, síndrome do pânico, stress pós traumático, ansiedade entre outras. O mesmo sistema que foi projetado pra que você ou lute ou fuja, faz com que se torne vítima de seu próprio organismo que reage desproporcionalmente às diversas violências existentes. E você nem precisa ter passado, necessariamente por alguma delas. Basta que sua mente comece a se preocupar com tudo que assiste todos os dias nos principais meios de comunicação pra desenvolver uma síndrome do pânico, por exemplo.

A violência é um fenômeno social que não possuímos controle, mas, da mesma forma que aprendemos a reagir pelo medo, podemos aprender a lidar com isso sem que sejamos dominados por nossos mecanismos psicológicos. Nos casos em que as doenças emocionais já se instalaram será preciso acompanhamento profissional, quer de psiquiatra ou mesmo, psicólogo. Nos outros, algumas medidas de segurança básicas podem ser úteis pra que não nos exponhamos desnecessariamente dando margem para o azar.

Lembro- me muito bem de uma orientação de minha psicóloga: “não alimente o agressor”. Muitas vezes estamos diante de um agressor moral que está disposto a nos incomodar. Via de regra, pra ele ter chegado a este ponto, significa que já nos observou por algum período e detectou alguma vulnerabilidade que habilmente explorarará. A idéia é usar a desestabilização psicológica que será utilizada através de mecanismos cruéis e perversos como a chantagem emocional, por exemplo. Um insulto pode ser usado pra que se reaja e “justifique” uma agressão: é a armadilha que levará a uma perda da razão e será usada contra a vítima. 

Os mesmos sistemas que nos levam a disparar nossos mecanismos de defesa podem ser controlados se adotarmos estratégias inteligentes como o relaxamento. Eu diria que um dos melhores exercícios pra se conseguir isso é a meditação. Baixamos nossas freqüências cerebrais e conseguimos equilibrar razão e emoção. A partir deste ponto você passa a ter uma leitura mais consistente das situações podendo adotar uma linha de conduta mais inteligente pra cada situação, ou seja, se torna mais ponderado. Isso nada mais é do que ser assertivo.

Pra ser sincero, em relação a determinadas situações e pessoas,  o melhor é guardar sua razão pra si ou gastá- La onde ela será mais apreciada.

No fim, tudo é uma questão de escolha e prioridade: sua saúde e bem estar, ou sua razão. 






Raniery
raniery.monteiro@gmail.com
@Mentesalertas

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