Quando pensamos em interações o quadro que formamos em nossas mentes é o de um complexo número de possibilidades, entre elas, as de aspecto econômico. Sim, porque não temos como dissociá-lo de nossas vidas.
Historicamente essa relação evoluiu entre seus conflitos e abusos chegando aos dias atuais sob certo controle estatal que passou a garantir determinados direitos inatos positivados constitucionalmente.
Modelos, sistemas e teorias foram propostos, mas nem por isso conseguimos chegar a um equilíbrio totalmente saudável. Não fosse as intervenções judiciais o quadro seria muito pior.
Concluímos com isso que se faz necessário estruturar e regular nossas interações, caso contrário, o forte acabará subjugando o mais frágil.
Para exemplificar determinados tipos comportamentais, sobretudo os perversos, utilizamos de analogias. O gafanhoto é uma delas.
Estes insetos são considerados pragas por sua capacidade de devastar plantações e lavouras deixando um rastro de destruição e prejuízo por onde passam. Seu único objetivo é satisfazer seus estômagos e atender ao impulso de uma fome insaciável.
Interessante notar que os gafanhotos atacam em hordas ferozes que não dão a menor chance de defesa para o que estiver debaixo de sua nuvem. Esta palavra (horda) é praticamente a mesma pra designar bullying que por sua vez faz referência às invasões barbaras cuja marca era justamente a crueldade e perversidade daqueles tempos.
Esses bichos nos fazem lembrar da história bíblica que faz menção a libertação do povo hebreu cativo em solo egípcio. Moisés solicita ao faraó que liberte seu povo, pois se não o fizer lançará pragas sobre aquela terra. E foi o que aconteceu. O povo amaldiçoado enfrentou a fome e outros transtornos inerentes a invasão daqueles insetos.
O paralelo é que a vítima de assédio moral sente-se amaldiçoada, e, cruelmente, isso é reforçado pelo grupo que se afasta dela como se fosse portadora de alguma doença contagiosa. Lembro-me como se fosse hoje quando inúmeras pessoas se afastaram de mim, ou pararam de conversar comigo e até mesmo de algumas que, numa excitação subverniente, me hostilizaram. Até pessoas que freqüentaram minha casa não permitiam estar associadas a minha imagem para continuarem a ser aceitas pelo rebanho.
O próprio Cristo cita características destes seres que são como verdadeiros demônios quando diz que "o ladrão não vem senão a roubar, matar e destruir"; parafraseando: o assediador não vem senão a roubar, matar e destruir. Rouba nossa tranquilidade; mata nossa autoestima e destrói sonhos. Tudo isso, evidentemente, se não nos defendermos e nos acautelarmos como faríamos com qualquer outro marginal.
Outra característica das pragas aladas que tem similaridade nas humanas é que tanto uma quanto a outra não produzem nada, mas consomem tudo o que encontrarem pela frente. Seus similares humanos não pretendem galgar suas carreiras pelo esforço e competência, mas pela lei da vantagem e trapaças.
Recentemente onde trabalho ocorreu uma espécie de dedetização. O MPT exigiu um ajuste de conduta, e, como um inseticida, espantou um monte de parasitas laborais. Infelizmente a infestação ainda não terminou. O curioso deste fato é que alguns daqueles que foram expulsos dos locais infestados não se conformaram com a situação, até por quê se acham superiores aos demais, e se afastaram do trabalho alegando, entre outras coisas, stress.
Fiquei chateado com isso, pois são essas pessoas que maculam a imagem da maioria dos trabalhadores e dão munição para aqueles que acreditam que estão banalizando o assédio moral. Eu contestei esse posicionamento argumentando que não é a maioria dos trabalhadores que utilizam deste expediente, mas uma minoria, ou seja, são excessões. Curiosamente, na época da infestação, a cena que se via era de satisfação e euforia incontinente; não havia o menor indício de doenças.
O estudo de ecossistemas aponta o que faz com que determinadas espécies sejam bem sucedidas ou não. É o ambiente que proporcionará a prosperidade e a perpetuação de tipos específicos de seres vivos. O mesmo ocorre com os gafanhotos sociais que se instalam em locais onde possam dar vazão à sua natureza torpe. Por isso que se verificará uma constante reincidência destes comportamentos perniciosos que contaminam e adoecem determinados ambientes de trabalho, justamente porque alimentam e criam estas criaturas tenebrosas.
Seja em qualquer lugar, desconheço um único que sinta-se à vontade no meio destas pragas. O caminho natural é pela eliminação ou pulverização dos nefastos insetos predadores. Uma coisa é certa- ou elimina- se a causa do problema ou arca- se com os prejuízos. E todo assediador causa prejuízo ao local que o abriga e lhe dá guarida.
Portanto, caso as empresas decidam se tornar sérias adotando medidas rígidas de controle sobre o assédio moral experimentarão um ambiente mais produtivo e lucrativo, mas senão, o que se verá é um eterno ciclo de prejuízos que virão de afastamentos, processos judiciais e queda de desempenho. Fora o fato de que, por conta de tudo isso, seus
gestores experimentarão
aborrecimentos e visibilidade
negativa desnecessários.
A pergunta que se faz é: vale a
pena?
raniery.monteiro@gmail.com
Parabéns pelo ótimo artigo. Como sempre você consegue alcançar o cerne da questão com descrições primorosas.
ResponderExcluirVá em frente Guerreiro da Luz, o mundo precisa de mais homens como você, que envergam mas não se quebram, que não temem chamar a maldade pelo nome.
Obrigado minha amiga. Sabemos que a dor é que proporcionou-nos a honra desta amizade. Os assediadores podem causar transtornos, mas não podem impedir que as pessoas de bem se unam. No dia da mulher isso fica mais evidente pela discriminação, assédio sexual, moral, salários menores que de homens na mesma função, pressão quando engravidam, entre tantas outras injustiças.
ResponderExcluirParabéns a você e a todas as trabalhadoras que além da dupla jornada têm que enfrentar violências como o assédio moral.