Vivemos em sociedades caracterizadas pelo individualismo, materialismo e competitividade. A cada dia nos tornamos mais frios e insensíveis em nossas interações em nome destes princípios. Compaixão, empatia e solidariedade são valores escassos, sobretudo nos grandes centros urbanos.
É bem verdade, e ainda bem, que há uma parcela de pessoas que vem reagindo a esta forma de visão de vida. Eu me associo a elas. Mas, o fato é que devido às pressões econômicas do dia a dia abrimos mão de nossa humanidade resgatando antigos instintos bárbaros.
O curioso é que justamente quando conquistamos os direitos sociais e individuais através da declaração dos direitos humanos, normatizados constitucionalmente pelas principais democracias mundo afora passamos a andar na contramão desses valores éticos universais, fruto de um mundo globalizado e gerenciado pelas grandes corporações.
Perdemos os referenciais de nossa condição e vivemos atrás de coisas num ciclo sem fim. É óbvio que não há nada de errado em querer prosperidade e bens, mas quando isso ocupa o centro de nossas vidas e se torna uma obsessão deixa de ser sadio.
Neste frenesi materialista não enxergamos nada e nem ninguém e desprezamos qualquer um que não esteja dentro deste contexto, ou seja, todos, já que só olhamos para as nossas entranhas. Daí racionalizamos tranquilamente que o outro não faz parte deste processo. O estranho deste pensamento é que como podemos atingir nossos objetivos sem a existência de outros já que estamos dentro de uma sociedade interdependente?
Somos ensinados que devemos ser competitivos e passamos a ver o outro como um rival que tirará o que é nosso e geramos uma ansiedade desnecessária considerando que competência advém da qualificação e excelência e, portanto, é irracional qualquer insegurança. Decorre que na linha de pensamento onde os fins justificam os meios para ter aquilo que se almeja se justifica, então, pular etapas.
Perceba que ao longo desta sequência de atos vamos nos desconstruindo de nossa humanidade e dentro desta condição abrimos uma porta para manifestarmos comportamentos antiéticos e até imorais supondo um padrão mínimo aceitável de convivência.
Este é o cenário propício e favorável para as práticas do assédio moral e suas decorrentes perversidades e crueldades. Sendo assim, fica fácil entender as razões que levam um colega agir de forma fria e até minimizar aquilo que já se é sedimentado no campo das pesquisas como prática condenável.
Percebi que em muitas situações há um misto de satisfação e euforia por parte de determinadas pessoas quando acontece de algum colega sofrer perseguições. Passa-se, então, há estimular o processo. Fazem questão de falar coisas que deixem os outros apreensivos e mais desestruturados do que já estariam com o problema. Frases como: “isso deve ser coisa da sua cabeça” ou “se acontece foi porque você motivou” são bombardeadas sem dó. Isso, quando não vira objeto de fofoquinhas.
Há uma tendência em se minimizar as consequências da violência. Transtornos de ordem emocional como depressões, síndromes ansiolíticas, stress pós traumático entre outras são ignoradas pelos espertões de plantão. Outras doenças que são agravadas também decorrem da agressão, mas os pseudomédicos possuem diagnósticos para descartar tais problemas.
É nesse instante que surgem os pluriprofissioniais que acumulam conhecimentos em psicologia, psiquiatria, direito etc. sabem de tudo. Um camarada teve a capacidade de me dizer que sabia tudo de Direito, pois como presta ou prestou diversas provas para concursos públicos domina a ciência como ninguém, mesmo sem formação acadêmica. Eu vou falar o quê para um sujeito desses?
Em relação aos efeitos que o assédio moral produz e que são graves à despeito do meu “colega” dizer não existirem, a perícia medica do INSS em Petrolina-PE concedeu uma licença por acidente em serviço ou moléstia profissional decorrente de assédio moral cometido pelo mesmo gestor a um servidor e alegaram que “por assédio moral essa é possivelmente a primeira licença serviço acidente de trabalho no serviço público no Brasil”. Que é prova incontestável do prejuízo a saúde, no ambiente de trabalho.
Portanto, só quem passou por este tipo de violência pode ou tem propriedade para dizer de seus reais efeitos. Colegas invejosos, ciumentos, frustrados ou aduladores não são referência alguma para ser levada em consideração no que diz respeito ao assunto, até por que suas asserções nascem de opiniões nitidamente comprometidas e propositalmente distorcidas.
Quanto ao assediado, esse sim, deve tomar as devidas medidas judídicas e buscar ajuda profissional para superar todo o transtorno causado e dar a volta por cima. É isso que tenho buscado e venho amadurecendo a cada dia, apesar de, até o presente instante, não ter solucionado por completo o problema.
A voz que deve ser ouvida é a da fé em si mesmo, do resgate da autoestima, daqueles que te apoiam e da força interior que só quem é digno pode ter.
Quanto às vozes tenebrosas,
devem ser jogadas no seu devido lugar: o lixo.
Quanto às vozes tenebrosas,
devem ser jogadas no seu devido lugar: o lixo.
* Em 2007 fui afastado por acidente do trabalho modalidade doença profissional: o único do gênero em minha empresa até o momento
Adriana Lessa interpreta caso de assédio moral
Saiba o que diz um verdadeiro especialista:
raniery.monteiro@gmail.com
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