Viver é uma experiência única para o ser humano em relação aos demais animais já que desenvolvemos de forma sofisticada nossa capacidade de desenvolver e transmitir cultura. Aliás, nosso desenvolvimento e condição de sobrevivência está diretamente associada a isso.
Deste modo, nossos pais instintivamente cumprem o papel de nos ensinar como se adaptar ao meio e, esse é, diga-se, o primeiro núcleo de aprendizado que entramos em contato. E assim, sucessivamente vamos, de forma gradual, se inserindo nos demais grupos sociais como, amigos, escola, trabalho e etc.
Perceba, então, que junto às nossas características hereditárias os demais fatores de influência forjarão nossa estrutura comportamental. Isso se faz necessário para que possamos ter condições de nos adaptarmos ao meio social.
Teoria sedimentada, pensemos agora no outro lado- o da prática. Seguindo a dinâmica dos sistemas de aprendizagem humanos sabemos que se tudo ocorrer conforme os modelos tradicionais desenvolveremos nossos centros de controle morais de forma correta, isto é, discerniremos o certo do errado dentro dos padrões médios da sociedade em que vivemos.
Mas, como toda regra tem suas exceções, sabemos que nem todos funcionam conforme tais modelos recusando-se a seguir as mínimas regras de convivência sociais. Tais transgressores se conduzem de acordo com seus impulsos e segundo seus instintos e desejos desencadeados por seus sistemas narcisistas e egocêntricos.
A analogia que permite exemplificar o sistema comportamental destas pessoas é o da lógica invertida. Em eletrônica digital há os sistemas digitais ou binários onde, segundo determinada álgebra, possui conjunto de tabelas-verdade que nada mais são que padrões do dito sistema, entre eles, o da lógica invertida.
Funciona assim: para cada sinal positivo na entrada o resultado será um sinal negativo na saída. Refletindo bem, o exemplo é perfeito, pois tais transgressores que manifestam transtornos de conduta são frios e calculistas em suas ações que são opostas aos valores e princípios convencionados socialmente.
Ocorre que, na mesma álgebra, há uma forma de ajustar tal situação produzindo assim determinado objetivo pretendido no circuito e obtendo um sinal positivo na saída. Trazendo para a vida social isso seria o equivalente a reabsorver a realidade, ou, a boa e velha resistência.
Se não houver oposição àqueles que subvertem padrões estáveis e estabelecidos ocorrerá a desagregação do corpo social. Então, é razoável dizer que os interessados nesse equilíbrio deveriam se insurgir e neutralizar aqueles que o subvertem. Se isentar é permitir o avanço dos perversos, o que pode custar um preço caro cedo ou tarde.
Nos ambientes infestados por tais agentes do caos acontece um fenômeno que se origina em um mecanismo de defesa de nossa natureza humana: o medo.
Com o medo surge a figura do mito reverencial. São figuras inescrupulosas, sedentas pelo poder, a qualquer custo- onde os fins justificam os meios.
Sendo assim, eles constroem redes de contatos que se identifiquem com seus sórdidos objetivos. Destas alianças surgem as trocas de favores- os chamados esquemas- e, como uma mão lava a outra, conseguem formar uma estrutura coesa de proteção que gera a sensação de impunidade criando uma aura de poder que é, então, mistificado pelo grupo.
Como disse, o medo interfere nas percepções da realidade bloqueando nossa capacidade racional. Desta forma tenderemos a enxergar uma pessoa de um jeito muito além do que ela de fato é. E assim surge o mito reverencial e, passamos a temê-lo, achando que possui um poder ilimitado, ou que é intocável.
Não podemos nos esquecer, no entanto, que homens são feitos de carne e ossos e lendas não passam de imagens fantasmagóricas, cujo ectoplasma é criado pelo fruto de nossas imaginações. não existe ninguém tão invulnerável que não possa ser atingido e nem tão poderoso que não possa responder por seus atos.
Tanto é verdade, que quando confrontados utilizam a retaliação como forma de se verem livres de seus desafetos. Ora, se o poderoso não teme, se é imbatível, por que é que fica desesperado para se livrar daqueles que lhe atravessam o caminho?
Perceba que aquilo que não sabemos ou conhecemos tendemos a temer pelo mistério envolto e pelo desconhecido, mas uma vez que o deciframos deixamos de o temer e de mistificá-lo.
No momento em que o mito é desconstruído, seu fim está próximo e eminente, passando ao reino da realidade que pode revelá-lo muito menor que sua sombra projetada.
Transgressores são os mestres da ilusão. Intuitivamente sabem que tendemos a preencher lacunas, isto é, nosso cérebro, necessitando de respostas, avalia precipitadamente qualquer forma de ilusão muito bem elaborada. Sendo assim, a imagem que projetam reforça a ideia de poder e, este, gera o temor reverencial.
Os manipuladores, outra face dos perversos, utilizam a persuasão em seus mecanismos de comunicação e desta forma embutem no inconsciente coletivo a sua megalomania.
Mentes desavisadas e subservientes, logo permitirão que seu cérebros sejam programados para a submissão. Dentro do grupo surgirão, inclusive, aqueles que defenderão os grilhões que acorrentaram seus espíritos, se fazendo passar por pessoas espertas.
É comum em ambientes laborais, frases submissas como: "Quem manda pode, quem obedece tem juízo", ou, "Não adianta bater de frente com a chefia" e etc. Perceba que não se trata de um argumento que demonstre a importância de acatar ordens de um chefe, mas a alude à desistência antecipada de reagir e de se defender do abuso, pois, "se não adianta" pra que lutar. Abaixe a cabeça e seja prejudicado que amanhã será esquecido. Incrivelmente é uma apologia à humilhação.
Tais comportamentos me parecem traçar um perfil masoquista, onde tais pessoas sentem uma necessidade obsessiva de serem espezinhadas e humilhadas, demonstrando um problema crônico de auto estima e brio. sendo assim, se ela deseja inconscientemente que o mito reverencial a pisoteie, logo, em seu deturpado raciocínio, todos deveriam segui-la, até por que, dessa forma, ela ainda ganha companhia e não passa pelo aviltamento sozinha.
Conclua que as repercussões da lógica invertida, ou melhor, das inversões de valores, não permanecem somente na esfera do agressor, mas também opera na vida do grupo de forma diversa causando um efeito dominó que só pára se for interrompido antecipadamente.
A teoria da lógica invertida explica de maneira plausível porque em determinados lugares, pessoas inescrupulosas, sem caráter, corruptas, aduladoras e imorais são prestigiadas, em detrimento daquelas que se pautam pelos princípios estruturantes de sociedades sadias.
Conversando com um colega de trabalho sobre uma moça que em menos de um ano de empresa passou de um cargo operacional para de assessora vitalícia, ganhando mais de dez vezes seu salário real, é uma situação que se do ponto de vista legal é possível, é por outro lado, do ponto de vista moral, deplorável.
Tais situações só ocorrem em lugares onde os valores são distorcidos e propiciam o ecossistema perfeito para a nuvem de gafanhotos e apadrinhados políticos, como cita matéria do site de um sindicato local.
Sendo assim, se aceitarmos que tais agentes pútreos propaguem sua contaminação, sem que façamos nada para contê-los, não poderemos reclamar se nos vermos acometidos de necróse isquémica tendo que amputar nossos sonhos e objetivos porque fomos negligentes.
Pergunte-se a si mesmo: qual é o valor de entrada que você tem inserido em sua vida para que o resultado seja aquele que programou para ela. Da informação obtida poderá surgir as respostas que buscava e não entendia.
Eletrônica Digital/ Portas Lógicas |
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