Entendeu, ou quer que eu desenhe? Usamos tal expressão quando nós irritamos com alguém que sente ou se recusa a entender determinada coisa. E como precisamos interagir para desempenhar nossos papéis sociais, isso, é algo que ocorre frequentemente.
A complexidade e velocidade com que as coisas mudam são cada vez maiores o que significa ter que estar atento e adaptável, senão acabaremos vivendo fora dos contextos da realidade. Disseminaremos conceitos que já se esgotaram com o tempo e seremos olhados como alienados.
Tudo, hoje em dia, passa por este processo de atualização. Não dá pra sermos teimosos e continuarmos a insistir naquilo que já não tem mais efeito. No entanto, e apesar disso, há pessoas que se agarram a extintos paradigmas. Me parece que tem a ver com alguma questão ligada a formação de opinião, onde se manter irredutível seria visto como íntegro em seus discursos e credos.
No Brasil, historicamente temos uma cultura elitista que durante muito tempo impedia avanços significativos no que diz respeito aos aspectos democráticos sociais evidenciados em nossa atual Constituição. Isso vem mudando, é bem verdade, mas ainda a passos lentos.
Essa visão reducionista encabeçado por grupos de extrema direita encrostados no seio social se ressente de que todos possam ter uma vida digna e plena em seu desenvolvimento. Acostumaram-se a dominar e submeter é, então, se viram confrontados em sua esdrúxula ideologia.
Por incrível que pareça convivo quotidianamente com isso aqui na bela Santos onde determinado grupo de pessoas acreditam ser a encarnação da superioridade e que estão ali para serem servidos pelos que lhe são inferiores. Há quem propague ideias absolutistas até; o que me faz indagar se não sofrem que algum surto psicótico delirante.
Ora, se alguém acredita mesmo que é superior por algum motivo considerará o outro como alguém digno? E se não o faz, como agirá em suas atitudes, posturas e comportamentos? E, se ainda, junto a isso, estiver a anos em determinado lugar e função acreditando ser o dono do lugar, como os cachorros fazem em relação ao território, por exemplo?
Deve ser mesmo muito complicado pra essas pessoas abrirem mão daquilo que construíram equivocadamente em um tempo de arbítrio e abuso. Seu problema nem foi o de de enclausurarem num mundo que já passou, mas de não se adaptarem ao que veio.
Curioso é que quando se lhes é chamado a atenção para o fato de não estarem mais vivendo no passado ficam enfezados e ofendidos e passam a manifestar inimizade contra quem o fez e o transformam no inimigo a ser vencido. Tudo vira guerra e medição de forças ganhando um viés pessoal.
Perceba que ao pararem no tempo se perderam e se desajustaram, a despeito de acreditarem que estão corretos. Esquecem-se de que o correto de ontem sequer existe hoje. O que deu certo outro dia nem é considerado atualmente. Agem como múmias que acordaram milênios depois.
Frases como: " no meu tempo...","sempre foi assim" entre outras ganham status de argumento para justificar o injustificável. E isso, sem levarem em consideração a conjugação do verbo no tempo passado que eles mesmo fazem, ou seja, até seu inconsciente os alerta para algo que já não existe mais. É o famoso ato falho.
No entanto, há alguns segredos que emergem é que só se explicam em um contexto de oportunismos e conveniências: se algo os beneficiarem de alguma maneira ou prejudicarem alguém, e se isso ocorrer simultaneamente (melhor ainda) essas pessoas ignoram toda tradição e se ajustam perfeitamente.
A questão é: o que temem? O que os ameaça? Do que sua incompetência se ressente? São perguntas que se colocadas adequadamente acabem por expor o quê de verdadeiro há por trás dos "conservadores".
Veja, por si só, que dentro deste contexto, quais chances há, de processos de assédio moral serem deflagrados em ambientes como esse.
Há nessas pessoas uma ideologia mórbida que é hostil a tudo o que diga respeito à tutela de direitos. Pra elas, direitos e garantias fundamentais, dignidade da pessoas humana, soa indigestamente e desencadeia processos persecutórios. Afinal de contas, são de um tempo onde por aqui, tudo era assim e jamais conseguiram se despir daquelas cascas.
Por outro lado, vivemos um novo momento que desde 1988 se insurge exatamente contra essas criaturas nefastas e suas ideologias espúrias. Nossa Constituição surge, ou se insurge, antagonicamente contra o abuso e o arbítrio onde os direitos e garantias fundamentais se situam como um campo de força contra o desequilíbrio discricionário dos inimigos da democracia.
Como lei maior se irradia e impregna todo o ordenamento, quer público ou privado, impondo a execução e o reconhecimento da dignidade da pessoa humana como elemento fundamental do Estado e protegido por ele. Não só de maneira formal, mas efetiva. Não são apenas palavras bonitas sem efeito qualquer, mas verdadeira manifestação e norteamento de diretrizes normativas que consideram valores e princípios fundamentais.
O fundamentalista de extrema direita pode até espumar de raiva, mas se decidir violar direito tutelado deverá sofrer sanção correspondente. E isso, sem lhe vedar qualquer garantia de defesa. Evidentemente que pra isso ocorrer a própria sociedade em sua função cidadã deve pegar as rédeas da justiça pelo mero exercício e evocação do que lhe caracteriza.
Portanto, é preciso incorporar e se revestir dos direitos e garantias fundamentais e projetá-los contra toda forma de resistência aos valores e princípios democráticos. Não de forma passiva, mas em pleno exercício e manifestação. Só assim, os verdugos que consomem tais valores serão convidados a recuar
raniery.monteiro@gmail.com
Comentários
Postar um comentário