Sempre
me chamou a atenção o fato das pessoas, de modo geral, terem preguiça para
pensar. Evidentemente que isso não é um fato, pois todos pensam. Deixe-me fazer
a devida correção: geralmente não se gosta de raciocinar sobre os problemas,
pois isso significa ter que sair da zona de conforto.
Giordano Bruno nasceu em 1548, em Noli (Itália), foi um dos grandes pensadores do seu
tempo. Bruno apresentava uma visão filosófica do Universo
diferente de todos os seus contemporâneos, contendo ideias que apenas vieram a
ser retomadas no século XX.
Ele defendeu a ideia que as estrelas do
céu são sóis, e isso antes dos telescópios serem inventados. Ia mais longe,
afirmando mesmo no seu livro, Del Universo Infinito et Mondi, que
em torno desses sóis haveria planetas como aqueles que giram à volta do Sol.
Bruno surge na época em que a Igreja define uma política oficial relativamente à Astronomia, pelo que tendo defendido as suas ideias revolucionárias até ao fim, morreu na fogueira, condenado por heresia pela Inquisição, a 17 de Fevereiro de 1600.
Bruno surge na época em que a Igreja define uma política oficial relativamente à Astronomia, pelo que tendo defendido as suas ideias revolucionárias até ao fim, morreu na fogueira, condenado por heresia pela Inquisição, a 17 de Fevereiro de 1600.
Atualmente até o Vaticano admite, por exemplo, a existência
de vida extraterrestre. O diretor do observatório astronômico do Vaticano,
padre José Gabriel Funes, afirmou que Deus pode ter criado seres inteligentes
em outros planetas do mesmo jeito que criou o universo e os homens. Na opinião
do astrônomo, pode haver seres semelhantes a nós ou até mais evoluídos em
outros planetas, ainda que não haja provas da existência deles.
“É possível que existam. O universo é formado por 100
bilhões de galáxias, cada uma composta por 100 bilhões de estrelas, muitas
delas ou quase todas poderiam ter planetas”, afirmou Funes.
Coisa louca aconteceu há uns dois dias nos corredores da
empresa onde trabalho que ilustra bem a questão do apego a paradigmas obsoleto
somado a questões histórico-culturais.
Fui entregar um requerimento e cruzei no caminho com um representante
do sindicato e um empregado do DP. Como de praxe compartilhei sobre as
irregularidades e arbitrariedades cometidas por lá. Em determinado momento o
cidadão vira pra mim e diz: “nossa estou surpreso de que você ainda esteja
aqui; pensei que já tinha pedido demissão...”; isso na maior naturalidade.
A partir daí começou a contar como fazia pra cansar os
empregados indesejados para que pedissem demissão e foi nessa hora que vi e
ouvi pela primeira vez o assédio moral se manifestar abertamente e sem
escrúpulos.
O curioso é que pra ele é tudo muito tranquilo, certo,
moral. Daí me pergunto em que ponto em lugares assim a cultura institucionaliza
a violência em nome da disciplina. No entanto, é o mesmo lugar que encabeça uma
série de privilégios imorais a outras pessoas. Tudo vai se embrenhando de tal
maneira que a maioria das pessoas acaba entrando em um processo de narcose que
as impele a não mais se indignar com aquilo.
Mas, há uma explicação que nos vem nos mais diversos jargões
empregados por lá: “aos amigos, as benesses da lei; aos inimigos, seu rigor”.
Porém, pense: esse jargão não contém um raciocínio perfeito, muito menos um
pressuposto legítimo como deveria ser, pois a lei em sentido geral não permite
que privilégios sejam dados a uns nem que o excesso do rigor seja deflagrado a
outros. Não! Há uma distorção aqui que na verdade encobre uma justificativa
furada.
Lei alguma estende poderes, na verdade os limita, então, nem
uma coisa nem outra poderiam ser utilizadas para uso pessoal, pelo contrário
fere o princípio da impessoalidade conexo ao da isonomia.
Outro jargão muito usado para dissuadir os indignados é o
“um erro não justifica o outro”. Toda vez que apontei as mais diversas
irregularidades que se praticam por lá me fora dito isso como se fosse um
argumento em si. Não o é evidentemente, pois quer dizer que para um grupo de
pessoas que cometem deliberadamente indisciplinas sem que nada seja feito para
corrigir seus comportamentos haverá um rigor desproporcional para com outras
que não poderão ser beneficiadas pela mesma condescendência.
Perceba então a conexão entre os dois jargões onde através deles
se podem manipular atos de ma fé sob uma capa de legitimidade, haja vista, que
tais pseudo argumentos contém uma forma de corretos, morais, legais etc.
Isso tudo me levou a conclusão de que em determinados locais
a cultura interna impregna de tal forma as mentes com o que é distorcido a
ponto de anular o que de fato é legítimo. E não só isso: os que pensam desta
maneira acreditam serem os portadores da verdade universal, portanto qualquer
um que os questionar deverá ser punido exemplarmente.
Veja por si que o apego a determinadas “verdades” causa
historicamente enormes prejuízos a não ser para aqueles que resistem às
mudanças em seus inúmeros motivos. No caso da igreja católica tinha a ver com o
controle sobre tudo e a manutenção do status quo. Nas empresas onde tais
culturas se enclausuram não é muito diferente. Seja como for chega o dia que
até em lugares inflexíveis a força da mudança se imporá e a falsa verdade de
ontem dará lugar a que é legítima num ciclo natural de evolução.
Então, terminarei aqui saudando o extraordinário Giordano
Bruno que ousou morrer em nome da verdade que acreditava e que, mesmo humilhado
e torturado, não se acovardou diante daqueles que sequer são mencionados na
história. O seu nome será lembrado por muito tempo, já o daqueles...
raniery.monteiro@gmail.com
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