Desde os tempos mais remotos da existência humana nós nos perguntamos sobre as características de que somos compostos. Isso deve ter ocorrido no momento em que tivemos consciência, de que tínhamos consciência. Parece que convivemos com um lado civilizado e racional e outro selvagem e instintivo.
A verdade é que representamos papéis sociais em diferentes situações. Mas, há aqueles que parecem possuir mais de uma pessoa dentro de si: o que nos confunde.
O médico e o monstro foi um romance escrito pelo escocês Robert Louis Stevenson em 1886. Retrata a transformação de um médico respeitado na sociedade daquela ficção, de moral inquestionável, boa aparência e caráter, ou seja, o modelo arquetípico do homem da sociedade revelando o comportamento que deste é esperado, pelo menos na aparência. Estamos falando do Sr. Henry Jekyll.
Cansado de uma vida monótona decidiu criar uma poção que o levou a se transformar no monstro Hyde. Curiosamente quando encarnado neste, causa as mais diversas violências. Além do mais queria provar que o ser humano carrega e si um lado mal e outro bom.
Claro que todos nós podemos cometer qualquer tipo de ação condenável, mas não é a regra, e sim, a exceção.
No caso do médico/ monstro a coisa fica bem definida em cada momento, mas e quando o monstro simula que é, digamos, normal? Veja, não há mudança, nem estereótipo identificável, mas só o estrago e a devastação que sobra no final, invariavelmente sobre a vítima.
Pode ser o cônjuge, os filhos, o sócio, o empregado ou o patrão. Tanto faz.
De difícil identificação, já que se transformam em anjos ou cordeiros, estas criaturas das trevas contam com a mania das pessoas em se deixar levar por uma aparência teatral. Basta fazer carinha de coitada, choramingar, e estes vampiros atraem suas presas para o abuso. Controlam as pessoas pela compaixão e bondade destas.
Na ficção o bom médico se transforma no horrendo monstro, mas aqui é o inverso: o demônio se transforma numa bela senhorinha de fala doce e meiga ou no líder religioso acima de qualquer suspeita por ser um homem de Deus.
Aqui no Brasil tivemos casos de médicos monstros como Hosmany Ramos e Roger Abdelmassih ou de princesas víboras como Suzane Von Richthofen (há a similar norte americana: Tylar Witt) que também eram muito bem conceituados na sociedade, mas da mesma forma os piores de sua espécie. não assustavam ninguém por sua aparência, ao contrário, até atraiam.
De qualquer forma fica a lição de que nem tudo que aparenta ser bom, o é. É preciso cautela e atenção pra não ser levado na conversa por seres que hipnotizam e neutralizam a razão das pessoas com um bom papo, uma conversa mole, uma carinha angelical, voz doce ou aquele chorinho clamando por piedade.
Caiu na rede, só sairá depois de ter se machucado muito, e, se conseguir sair agradeça aos céus por isso. A melhor estratégia aqui é sequer se aproximar ou se relacionar com estas pessoas e se cair no erro de tentar muda- las pode se arrebentar mais ainda.
raniery.monteiro@gmail.com
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