O assédio moral é um fenômeno tão antigo quanto a própria humanidade, apesar de somente agora termos pesquisas sobre o assunto.
Pra se ter uma idéia, Davi em seus Salmos já discutia a questão demonstrando sua indignação e sofrimento diante de tais práticas em sua época. Mas, nem ele talvez imaginasse que passaria por isso justamente pelas mãos de seu rei, a quem serviu lealmente. Inveja e ciúme estão entre as justificativas elencadas pra que fosse perseguido. Diante de tais experiências o rei poeta traça o perfil de agressores em muitos de seus salmos: os ímpios.
Davi e Saul: o medo x a competência
Davi foi o segundo monarca do reino unificado de Israel, tendo vivido entre 1040 a.C., e morrido em 970 a.C aproximadamente. Reinou sobre Judá por volta de 1010 a 1003 a.C. e sobre o reino unificado de Israel de 1003 a 970 a.C.
Descrito como um rei bondoso, bem como um guerreiro, músico e poeta talentoso, apesar de possuir alguns defeitos; aliás, como todo mortal- nem por isso foi tido como alguém perverso na sua essência. Talvez resida aí sua popularidade até os dias de hoje.
Foi o último entre oito irmãos de um pai modesto, em Belém sua terra natal. Em relação aos demais irmãos possuía aparência menos rústica. Era tido como um belo rapaz ruivo.
Na narrativa bíblica era o tocador de harpa do rei Saul, mas ganhou notoriedade por ter matado, em combate, o gigante filisteu Golias, apenas com uma funda e algumas pedras; sequer usava armadura, já que não agüentava com o peso dela. O feito lhe garantiu o casamento com a princesa e, dependendo da situação- melhor ainda- a isenção de impostos: que beleza!
Acontece que, justamente por conta desta e de outras emblemáticas conquistas, despertaram a ira, inveja e o ciúme do rei, que passou a perseguí- lo a ponto de tentar matá- lo. Davi, então precisou fugir pro deserto para salvar- se.
A partir daí, nem é preciso continuar com a sequência dos acontecimentos pra se concluir o quanto de transtorno e sofrimento sobrevieram sobre a vida do carismático futuro monarca hebreu.
Os salmos e as características do agressor:
Não sei se você já teve a curiosidade de ler os salmos bíblicos, cujo conteúdo é realmente muito inspirador, mas que retrata situações corriqueiras da natureza humana, demonstrando a capacidade de Davi de traduzi- las em sentimentos e, em muitas vezes, indignação, particularmente quando retratando um tipo de ser que possui em suas entranhas a perversidade como marca característica e que ele denominava ímpios.
Se você contextualizar as descrições perceberá um conteúdo que descreve alguém com transtorno de comportamento anti social, ou seja, o psicopata. E faz muito sentido, se pensarmos que, em tempos de guerra, a crueldade atingia a todos: homens, mulheres, crianças ou idosos. Pensando bem, até hoje é assim, apesar das convenções e tratados.
Também dá pra perceber outra coisa: as ações cruéis e os comportamentos desumanos não eram aceitos e sofriam resistência por parte de suas vítimas, exatamente como nos dias de hoje. Deve ser por isso, que demos o nome de direitos fundamentais, ao conjunto de normas constitucionais protetivas de direitos básicos e elementares à mínima existência humana. Algo que vai além, apesar de anterior, das leis e normas de qualquer país. É inato.
Daí, o clamor do monarca por justiça divina contra seus inimigos pra que fossem punidos por suas maldades.
Daí, o clamor do monarca por justiça divina contra seus inimigos pra que fossem punidos por suas maldades.
Descendente de Cristo, o precursor dos Direitos Humanos
Com a proximidade do Natal, é interessante notar que esse descendente direto do fundador do cristianismo, estava muito à frente de seu tempo, nestas questões. Sabe- se que os cristãos primitivos pregavam, em seus evangelhos, formas de tratamento que seriam identificadas como embriões dos direitos humanos atuais, mas que infelizmente não teve continuidade quando a religião se globalizou e se tornou poderosa.
O que fica claro é que, se a violação de direitos é tão antiga quanto a história humana, a indignação e resistência a esse mal, também o é.
Portanto, constatar que o assédio moral é um fenômeno que acompanha o homem desde sua existência não é argumento pra legitimá- lo, mas pressuposto pra combatê- lo.
Muito bom, meu amigo!
ResponderExcluirAproveito para desejar a você, um Natal com o que há de essencial para uma vida plena. Paz, Amor e Justiça Divina.
Um grande e forte abraço, com nossos sinceros agradecimentos por sua existência.
Assediados