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Criadores de personagens

A vida cotidiana produz farto material  tanto de tipos de pessoas quanto de interações que são explorados pelos criadores de personagens de animação que vemos retratados nesta forma de entretenimento. 

Há uma infinidade de situações, tipos característicos, circunstâncias e ambientes que são descritos com criatividade e talento artístico e uma generosa dose de tecnologia que nos prende diante das telonas, mundo afora. 

Desenhos de animação sempre me fascinaram desde a infância. Passava horas assistindo as peripécias e trapalhadas de determinados anti heróis (meus preferidos), que me divertiam muito. De tanto assistir passei, eu mesmo a criar os meus, em folhas de papel e lápis de colorir. Sem saber acabei desenvolvendo uma capacidade de observação muito boa. 

Mas, na vida real temos outros tipos de personagens que são criados por determinadas pessoas. São de carne e osso, apesar de irreais. Elas criam figuras que nos dão a impressão de serem verdadeiras, mas que são a teatralização das intenções e objetivos perversos de que possuem. 

De posse desta persona, nos convencem, persuadem, induzem e nos prejudicam na maior tranquilidade de quem se satisfaz em passar seu semelhante pra trás. Se, junto a isso, você somar uma competitividade doentia estimulada por sistemas arcaicos, então logo concluirá que a coisa não acabará bem. Principalmente se for você o prejudicado. 

Onde trabalho, por exemplo, tem um monte de espertalhões que adoram passar seus colegas pra trás e  se gabarem de malandrões. A única coisa que não admitem, porém, é que se faça o mesmo com eles, pois aí uma moral rígida e uma ética escrupulosa os possuirá e vociferarão discursos de justiça impressionantes. Pra eles, trouxa tem que ser o outro. Palmas pra eles então! 

Sendo assim, e diante de situações que interferem em nossas vidas, fica claro e evidente a necessidade de aprender a detectar o que está por trás das máscaras que as pessoas apresentam. A leitura correta delas fornece os dados necessários pra se posicionar adequadamente nas mais diversas situações que porventura venhamos a nos deparar. 

O processo aqui é o inverso daquele utilizado pra se construir o personagem; na realidade é a desconstrução deste. Você pode chamar isso de análise se quiser, não tem problema. 

Daí porque, desenvolver técnicas eficazes para aprender a observar melhor as pessoas. Isso não é fácil e não se desenvolve da noite para o dia, mas será preciso começar em determinado momento, pois senão corre-se o risco de se ver sempre vitimado por este tipo de gente. É uma escolha pessoal. 

Temos que começar a procurar por padrões de traços que caracterizam as pessoas como um todo. Desvenda- se assim sua verdadeira personalidade. É a descoberta de padrões previsíveis, o que significa muito mais que reunir informações seguindo um processo lógico. Uma vez obtidas determinadas informações, elas serão examinadas e avaliadas até que se permita baixar a guarda e olhar a pessoa como um todo. 

É o mesmo processo de diagnose utilizado pelos médicos na detecção exata da anomalia que afeta o doente. Procura- se assim o maior número possível de dados que permitam uma avaliação precisa da pessoa, o que pressupõe um certo tempo, diferentemente de quando agimos de forma leviana, nos deixando levar pela aparência, adotando conclusões superficiais e precipitadas. 


O critério adotado na escolha do meio que se utilizará para o levantamento das informações dependerá das circunstâncias e de quais objetivos se pretenda dentro das relações; o que, evidentemente, será proporcional ao grau de importância que se dará a estas. É preciso certa dose de paciência e vontade no processo. 

Dentro disso, busca- se identificar os principais traços marcantes das pessoas e à medida que se evolui no processo de aquisição da informação, torna- se possível detectar o que se é consistente daquilo que aparenta inconsistência. Cada característica deve ser considerada em seu contexto e não de forma isolada.

Procura- se aqui pelos extremos já que a importância de determinada característica pode ser elencada por uma questão de grau em que se manifesta. Passado esta etapa, procura- se os desvios de padrão: o que foi identificado é consistente ou é um estado transitório? Segue- se daí pra distinção entre traços opcionais dos não opcionais- determinadas situações temos o controle, outras não. Lembrando que pessoas são iguais em qualquer parte do mundo em seu contexto geral. 

Tenho observado, ao longo dos anos, que desde que passei a adotar esta forma de abordagem própria e intuitiva de conhecimento de pessoas, se não acertei 100% na identificação das mesmas, pelo menos, me aproximei de um ideal mínimo, mas nem por isso deixei de passar por situações como as de assédio moral. Por outro lado esta mesma percepção me ajudou a identificar como agiam aqueles que pretendem me prejudicar oferecendo resistência à altura. 

Cada um deve desenvolver seu próprio método de avaliação de interações. O que não se pode fazer, em minha opinião, é andar no mundo da ingenuidade e se oferecer como presa fácil pra um tipo de personagem desprezível que é o sórdido. Mas isso, fica pra cada um decidir.


Leia também: Funcionário Dissimulado




Raniery
raniery.monteiro@gmail.com

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