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Eitcha Peste!


Conhecida historicamente como a doença responsável por uma das mais trágicas epidemias que assolaram o mundo Ocidental a peste negra apareceu pela Península Itálica por volta de em 1348, na baixa idade média. Essa doença afligia tanto o corpo, quanto o imaginário coletivo. Era considerada por muitos como castigo divino pelos pecados da sociedade.

A peste negra, segundo pesquisas, é originária das estepes da Mongólia, onde pulgas infestavam diversos roedores que entraram em contato com zonas de habitação humana. Transportados através de veículos marítimos, os ratos eram os principais disseminadores dessa doença mortal.  A doença chega a Europa pelo intenso comércio entre o Oriente e o Ocidente. O contato humano com a doença desenvolve-se principalmente pela mordida de ratos e pulgas, ou pela transmissão aérea.

Desconhecendo as origens biológica e desprovida de conhecimento científico sobre a doença, a Europa medieval explicava e tratava da doença de forma supersticiosa. Muitos, culpavam os grupos sociais marginalizados da Baixa Idade Média por terem trazido a doença. Alguns registros da época acusavam os judeus, os leprosos e os estrangeiros ou bruxas de terem disseminado os horrores causados pela peste negra. No entanto, as condições de vida e higiene nos ambientes urbanos do século XIV são apontadas como o principal responsável pela epidemia.

Na época, as cidades medievais agrupavam-se desordeiramente numa grande quantidade de pessoas. O lixo e o esgoto corriam a céu aberto, atraindo insetos e roedores portadores da peste. Os hábitos de higiene pessoal ofereciam grande risco, pois os banhos não faziam parte da rotina das pessoas. Além disso, os aglomerados urbanos contribuíram enormemente para a rápida proliferação da peste. Ao chegar a uma cidade, a doença se instalava durante um período entre quatro e cinco meses. Depois de ceifar diversas vidas, esses centros urbanos ficavam abandonados. Os que sobreviviam à doença tinham que, posteriormente, enfrentar a falta de alimentos e a crise socioeconômica instalada no local. Por isso, muitas cidades tentavam se precaver da epidemia criando locais de quarentena para os infectados, impedindo a chegada de transeuntes e dificultando o acesso aos perímetros urbanos. Sem muitas opções de tratamento, os doentes se apegavam às orações e rituais que os salvassem da peste.


Numa época em que Direito e religião eram praticamente a mesma coisa, não é difícil imaginar que situações absurdas como estas ocorressem. Soma-se a isso a ignorância científica com a paranoia coletiva, fica fácil perceber que naquele tempo viver era um desafio e tanto.

Se hoje, com todo aparato jurídico e judiciário sedimentados sobre conhecimentos consolidados e garantidores dos Direitos fundamentais nas principais democracias pelo mundo, não é fácil pra um magistrado decidir conflitos cotidianos pela natural complexidade das relações humanas, imagine você, então, sob aquelas condições.

Hoje, qualquer um tem acesso à justiça, tem direito a um devido processo legal- que lhe garanta o mínimo de proteção à dignidade enquanto pessoa humana, enfim, garantias constitucionais que permitirão o controle do poder estatal contra toda e qualquer arbitrariedade.  Se olharmos para trás veremos que demos um salto e quântico no que diz respeito ao mínimo de condição humana descente pra existir.

Incrivelmente, ainda hoje, existem pessoa que parecem viver na idade da ignorância pensando que são gênios que podem, em questões de segundos avaliar, analisar, julgar e sentenciar outros segundo critérios pessoais motivados por conclusões superficiais de fatos que sequer presenciaram. Confesso que me sinto frustrado de conviver com seres assim, pois todos os dias vejo estas aberrações urrarem sua imbecilidade nas relações e interações cotidianas e isso independentemente de condição socioeconômica, o que obviamente não quer dizer absolutamente nada.

Nesses dias me vi envolvido por uma situação constrangedora onde o cidadão simplesmente chegou a uma conclusão fantástica munido de mínimas informações, claramente cego por sua desestabilização e indignação diante de uma circunstância que, ao que parece, o lesou. Como uma metralhadora, saiu atirando pra todos os lados pra elencar o culpado por tal ato. Mas, já estou calejado com isso- falarem coisas de mim sem ouvir minha versão ou fofoquinha de maricas que deve sentir um tesão recolhido por mim.

Em sua mente brilhante e raciocínio geniais, concluiu: “se eu acusar todos, certamente encontrarei entre eles o culpado”. Pra eliminar o joio ele, então, decidiu destruir todo o trigo. Este resultado e conclusão me parecem tão fantásticos quanto os músculos que ele cultiva com o estímulo de anabolizantes de primeira linha.


Só pra não deixar passar em branco, pense na palavra método:


"Método é o caminho que deve ser percorrido para a aquisição da verdade, ou, por outras palavras, de um resultado exato ou rigorosamente verificado. Sem método não há ciência. O homem do vulgo pode conhecer certo, mas não tem certeza da certeza. O conhecimento vulgar nem sempre é errado, ou incompleto. Pode mesmo ser certo, mas o que o compromete é a falta de segurança quanto àquilo que afirma. É um conhecimento parcial, isolado, fortuito, sem nexo com os demais".


Bom, daí pode-se ter uma noção de que as coisas não são tão simples assim a ponto de acharmos que só porque vivemos na era digital tudo pode ser feito através de dowloads. Na realidade, reagindo de forma simplória poderemos "arrumar para a cabeça", pois pode-se nesse processo cometer injustiças ou ilícitos que recairão sobre nós.

Depois deste episódio, em determinado momento parei e cheguei a uma conclusão: ou ele é mesmo genial, pois consegue sem nenhum recurso científico identificar quem cometeu tal ação, ou recebe mensagens extraterrestres ou do além, ou está agindo por projeção, já que quem apronta desconfia de todo mundo ou ainda é parente do Pateta e acabou fazendo papel de idiota.

Mas, é preciso dar um desconto, pois se fosse comigo ou com você, ficaríamos “P”. da vida também. A única falha desta abordagem é que no processo podemos perder a amizade ou a boa convivência com os outros.


Leia também: Bruxas: as mulheres em chamas


Raniery
raniery.monteiro@gmail.com

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