Pular para o conteúdo principal

Banalizadores Morais




Banal é algo sem originalidade, já tradicional e conhecido. Banal é qualquer coisa que seja comum, vulgar ou chata. O termo pode ser utilizado para caracterizar ações que não tenham muito sentido, objetos, situações ou mesmo pessoas. Por exemplo, uma atitude banal.


O termo banal é utilizado há bastante tempo, desde a época do feudalismo. Originalmente, atribuía-se o termo quando os vassalos pagavam um foro como retribuição para utilizar certas coisas que pertenciam a um senhor feudal, por exemplo, um moinho banal. É um galicismo (de origem francesa) que se fixou na língua portuguesa com o significado de "comum".


Banal é um termo bastante usado para adjetivar qualquer coisa que seja comum ou trivial. É usado pelas pessoas em diversos momentos da vida, como no colégio, ao fazerem uma prova banal ou na faculdade, quando realizam um trabalho banal, etc.


Banalizar, portanto, significa tornar algo importante, de valor, especial em algo comum ou sem importância, vulgar até.

E pra você o que é importante, ou melhor, muito importante? Se respondeu a vida, a dignidade, direitos e garantias fundamentais e similares, acertou. Aliás, são garantias constitucionais muito mais importantes do qualquer código humano, pois são anteriores a estes e não podem ser violados.

Portanto, partindo deste raciocínio pode-se dizer que estão banalizando o assédio moral. Como, você pode estar se perguntando, se em duas postagens anteriores, sobre o mesmo tema,  falei exatamente o contrário?

É que lá eu contra argumentava a posição de duas pessoas que diziam que o trabalhador é que banalizava o fenômeno e não concordava que estes o forjavam a coisa pra ganhar dinheiro ilicitamente com indenizações milionárias sob a batuta do judiciário.

Quando digo aqui que estão banalizando o assédio moral, me refiro àqueles que violam direitos constitucionais e valores como a vida, o direito ao trabalho, a dignidade da pessoa humana praticando este tipo de violência.

Quando se torna comum humilhar trabalhadores, ora com a desculpa de produtividade ora por causa de crise, ou ainda, por conta da corrupção nos setores públicos, e, nos acostumamos com isso, a ponto de ignorarmos o sofrimento humano, e, nos isentamos porque não é conosco, isso é o quê?

Não se pode acostumar com aquilo que sequer deveria existir. Dizer que “sempre foi assim” não é argumento, mas perpetuação do erro. É melhor admitir que se está com medo, pelo menos é mais original e descente.

Na enquete feita neste blog, no mês passado, fiz uma pergunta baseada nos argumentos dos “advogados do diabo”, pra saber se as pessoas concordavam com eles, e não deu outra: não conseguiram convencer a maioria.

A pergunta “Quem banaliza o assédio moral?” teve as seguintes porcentagens, sem caráter oficial evidentemente:

A empresa:70%
O assediador:28,5%
O judiciário:1%
A vítima:0,5%

Perceba que num mecanismo de interação, as pessoas que votaram apontam as empresas como as maiores responsáveis pelas ações dos assediadores, o que corrobora com a visão do Direito no que diz respeito à responsabilidade civil pelos atos de seus prepostos.

Sabemos que a justiça não é perfeita como não o é nenhum setor da vida humana, pelo simples fato de estarmos inseridos nela. Ocorre que não se pode subestimar uma hiperestrutura que o aparato estatal controla e dizer que ele se presta a enriquecer ilicitamente trabalhadores por meio de indenizações vultosas. Uma coisa ou outra até é possível escapar, mas neste país eu duvido que penda pro lado do trabalhador. Eu pelo menos desconheço.

Agora, cá entre nós, se as empresas não querem mesmo enriquecer bandos de “vagabundos” que são os trabalhadores, elas deveriam ser um pouco menos “ingênuas” e se prevenirem inibindo tais práticas em seus ambientes. Desta forma oportunistas não terão como solapar o suado capital ganho com muito esforço por seus donos, não é?

Seria bom pra todo mundo, pois quem, em sã consciência acorda todo dia e pede ao Papai do céu pra que coloque um assediador em seu caminho pra ser pisoteado e humilhado no exercício de suas funções?

É claro que não, meus injustiçados e honestos  banalizadores morais! Até porque pouparia seus prepostos de fazerem teatro na frente de um magistrado e ficarem com cara de glúteo diante deles fingindo inocência de criança. É deprimente ter que ver um marmanjo que num momento, aos berros, dá tapas na mesa e ameaça, e, no outro, parece cachorrinho em dia de banho.

Portanto, façamos o seguinte: criemos mecanismos justos de controle do trabalho baseados nas leis e normas de procedimento e os sigamos responsavelmente como o mundo dos adultos prevê. Certo? Não, né? Aí, que graça teria fazer as coisas como elas são e não burlá- las? Seguir regras é para idiotas e não pra super-humanos, como os narcisistas assediadores. 

Vale lembrar que é direito constitucional de cada pessoa o direito de ação. Sendo assim, se houve um aumento nos processos judiciais acerca do assunto provavelmente deve ser porque os trabalhadores se cansaram de tanto abuso.

Como a violência não diminuiu diante de tantos litígios e indenizações ao que parece esse não tem sido o problema das empresas. Aliás, se elas estão se sentindo lesadas que tratem de contratar profissionais capazes ao invés de sociopatas e facínoras.

Portanto, cada processo que pune um banalizador moral, na realidade está valorizando a vida em sua dignidade e se opondo àquilo que destrói valores protegidos.   

Leia Também:                     O intolerável
                                 Indústria do Assédio Moral
                O assédio moral está banalizado nas empresas



Raniery
raniery.monteiro@gmail.com

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ninguém chuta cachorro morto

A expressão significa que as pessoas não atacam quem não tem valor, é insignificante, medíocre, mas alguém que possui características ou qualidades que incomodam e por isso as ameaça, daí porque utilizarem deste recurso numa tentativa de a diminuírem de alguma forma ao mesmo tempo em que se projetam. É da natureza de determinadas pessoas, que por uma inadequação interna, sentirem-se inferiores a outras, não pela suposta superioridade destas, mas pelo seu desajuste psicológico. Por isso, para alcançar o equilíbrio de seus centros emocionais praticam uma espécie de projeção imputando ao alvo de sua fúria seus próprios fantasmas internos. Este recalque as leva, então, a inventar boatos, viver em mexericos pelos cantos, disseminar a intriga e semear a discórdia contra a pessoa que vêm como sua competidora natural. E como se sabe que o problema é do desajustado? Simples: percebendo que a cada momento se elege um novo candidato ao posto de alvo. Sempre alguém não prestará ou será

Eu, eu mesmo e...somente eu!

Nada é mais difícil de lidar que uma pessoa narcisista . Elas se acham a última azeitona da empada e acreditam que as pessoas existem para lhes servir.  Se arrogância pouca é bobagem, imagine, então, um ambiente que lhe proporcione manifestar a totalidade de sua megalomania. No filme de animação, Madagascar, há dois personagens que traduzem perfeitamente o estereótipo do narcisista: o lêmure, rei Julian e Makunga o leão ambicioso e ávido pelo poder. O rei dos lêmures, Julian, se ama e se adora e acredita firmemente que tudo acontece em sua função. Com uma necessidade incomum de ser admirado faz de tudo para aparecer e chamar a atenção. Já o leão Makunga encarna o tipo de vilão asqueroso, dissimulado e traiçoeiro que sempre está planejando algo pra puxar o tapete do leão alfa. Nas relações onde o assédio moral é forma de interagir, tais figuras estereotipadas e sem noção aparecem por trás de atos inacreditáveis de egocentrismo crônico.  Não podem ser contraria

Cuecão de Couro?

Se a vida imita a arte eu não sei, mas em 1994, na comédia pastelão Ace Ventura Detetive de animais, a vilã Tenente  Winky no final da trama é desmascarada e ...bem, assista ao filme. De qualquer forma, tão surpreendente quanto a inusitada cena foi a confissão de um Seal americano através de uma rede social- ele trocou sua foto em seu perfil pela de uma mulher alta, morena, com uma blusa branca, sorrindo diante de uma bandeira americana. E escreveu: "Tiro agora todos os meus disfarces e mostro ao mundo minha verdadeira identidade como mulher". Chris Beck trabalhou 20 anos no Navy Seals, um comando especial da Marinha dos EUA que frequentemente faz operações secretas em territórios inimigos. Mas ao longo desse período o oficial guardava um segredo pessoal: desde a infância, ele sentia que era uma mulher nascida em um corpo masculino. Leia mais... Quem imaginária nos seus mais loucos sonhos que um camarada machão como esse escondia uma princesa desesperada por carin