Caio Calígula, filho de Germânico, valente cônsul e general do Império Romano, que morreu aos 34 anos de idade, possivelmente envenenado. Calígula (diminutivo de caliga, o calçado militar dos romanos) foi adotado pelo imperador de Roma, Tibério e o sucedeu aos 25 anos, e, segundo Suetônio- historiador da época- participou de seu assassinato.
Com o tempo, o filho do general morto obteria todos os títulos imperiais, inclusive o de Augusto César, e o poder correspondente. Era querido pelos soldados que o viram crescer.
Tibério o havia designado como um de seus herdeiros - e, conhecendo seu caráter distorcido - também disse que preparava uma víbora para o povo romano.
Como Nero, Calígula começou a governar de forma liberal. Os cidadãos romanos chegaram a pensar que estavam no início de uma era feliz. Mas o imperador adoeceu, devido aos seus excessos e orgias, e, quando se recuperou, revelou sua maldade.
Para alguns historiadores, a doença deixou Calígula demente. Gastos exorbitantes, impostos altíssimos e a
total falta de freios marcaram o resto de seu reinado.
Sua crueldade com os presos e os escravos era tão grande quanto sua depravação na vida sexual. Divertia-se fazendo torturar condenados na frente de seus familiares. Tomava as posses de suas vítimas e não admitia ser contrariado em nada.
Nomeou senador romano seu cavalo, Incitatus, para quem construiu um palácio de mármore. Antes disso, havia nomeado o cavalo como sacerdote e designado uma guarda pretoriana (força militar romana criada para guardar o imperador e seus familiares) para tomar conta de seu sono. Sua idéia era humilhar o Senado romano e mostrar que se podia nomear um cavalo sacerdote e senador, podia fazer qualquer coisa com a vida de qualquer pessoa.
Os soldados apoiavam todas as loucuras do imperador. Por duas vezes Calígula escapou de atentados à sua vida: era odiado pelo povo. Mas foram os oficiais de sua guarda que, aterrorizados e fartos, decidiram acabar com seu governo desvairado. Numa conspiração que reuniu a guarda e senadores, o imperador foi assassinado num túnel que ligava o Palácio ao Fórum.
Calígula acreditava no terror como arma de poder e gostava de ser odiado: dizia: "Oderint dum metuant!" (que odeiem enquanto tremem de medo), referindo-se ao povo.
Fonte: http://educacao.uol.com.br/
Perceba que o terrível imperador se via e se sentia acima de qualquer coisa ou pessoa. Não possuía consciência moral e não se submetia a lei ou ordem alguma: ele era a lei.
Da mesma forma vemos todos os dias nos mais diversos ambientes pessoas que agem da mesma maneira: sem freios. Isto não significa que não sabem o que fazem ou que não tenham ciência do mal que produzem. Na realidade, é porque sabem, que o fazem. Pelo puro prazer de serem cruéis e perversos. Somente para prejudicar pessoas pela satisfação que isto lhes dá.
Posto isto, fica fácil agora decifrarmos o comportamento de agressores morais que perseguem implacavelmente pessoas que passam por seus caminhos. Qualquer motivo é desculpa pra manifestarem seus instintos mais primitivos. Na verdade, pretextos. Aliás, se em algum momento houver alguma reação contrária não se inibirão em ameaçar e agredir o ousado contestador, pois são intolerantes à frustração. Não admitem o confronto. Devastar a vida dos outros não significa nada pra eles já que um sentimento de desprezo e indiferença é uma marca em suas vidas.
Este mecanismo faz sentido se você ver as pessoas como coisas que estão lá pra lhe servir. Não há por que se sentir mal em usar uma coisa, pois ela não sente nada, logo não há culpa. Falha moral, ausência de culpa, necessidade de poder e liberdade interior sem limite: está aí a fórmula do mal. Rápidos em levar vantagens sobre os outros e impulsivos, não possuem limites que os inibam. Exercer poder e controle sobre os outros é uma ideia atraente e satisfatória. Resuma isso em uma única palavra e terá a explicação que procura: assédio moral.
Agora, se nesta equação você puder agregar outro fator que possibilitará o assediador a sentir-se livre pra fazer o que quiser, então, o quadro estará completo. Ambientes propícios são o auge e o paraíso para que os perversos se perpetuem. Empresas sem mecanismos de controle ou disciplinar, como as públicas, por exemplo, fornecerão tudo de que precisam pra exercer o domínio de que necessitam. Lá, corrupção, nepotismo, ilícitos, fraude possibilitam a ascensão e aquisição do poder de inescrupulosos. Logo, quem não se enquadrar e se submeter ao ditador local terá que ser eliminado. E qual o meio que utilizarão pra fazer isso? Portanto, o assédio moral é uma decorrência natural de um estilo de vida característico de um perverso.
Nada é por acaso. Há uma conexão por trás de cada evento, mesmo que isso nos confunda inicialmente e não aparente ter relação. Por isso, que é importante e imprescindível que se normatize e se puna exemplarmente os casos de assédio moral devidamente comprovados na justiça. É uma questão social e de saúde também. As empresas precisam adotar meios de coibir as ações destes “anormais” que causam tanto prejuízo não somente aos trabalhadores, mas ao Estado que arca com as despesas de afastamentos ou aposentadorias por invalidez e às próprias empresas que acabam obrigadas a indenizar as vítimas.
Pau de Arara |
Sobretudo, cabe a cada um de nós o conhecimento de nossos direitos e deveres como meio de proteção contra toda forma de abuso ou arbítrio.
raniery.monteiro@gmail.com
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