“Saiam da frente da minha vitrine!”, gritou a velha.
“Vocês estão atrapalhando os fregueses”.
O mestre pediu desculpas, e mudou de calçada.
Continuaram a conversa, quando um oficial aproximou-se.
“Precisamos que o senhor se afaste desta calçada”, disse o oficial. “O conde irá passar por aqui daqui a pouco”.
“Que o conde use o outro lado da rua”, respondeu o mestre, sem se mover.
Depois se virou para seu discípulo: “Não esqueça: jamais seja arrogante com os humildes. E jamais seja humilde com os arrogantes”.
A arrogância do Poder
Autor: Paulo Coelho
A arrogância é um padrão comportamental constituído por uma gama de atitudes de caráter negativo, evidentemente.
É um comportamento que tem por objetivo convencer as pessoas de que o indivíduo é superior aos demais, mesmo que isso não seja verdade. O que se pretende é criar um impacto psicológico na mente do outro. Desta forma, busca atrair admiração, elogios, respeito, destaque ou mesmo inveja. Mas, o que se consegue no final é a repulsa e a aversão.
Ninguém quer ficar perto de um boçal desses. O afastamento é o caminho natural, a não ser que você seja um capacho humano desprezível, como os aduladores.
Um detalhe interessante do arrogante é que ele gosta de alardear suas conquistas, ainda que ínfimas. Outras vezes até as inventa como quando faz propaganda de suas conquistas sexuais. O que ele quer é inferiorizar o outro para que este se sinta menor e sua projeção o coloque em destaque.
Isso me lembra de um cartoon que define muito bem esta figura: Pink e Cérebro.
Os estúdios da Warner Bros em parceria com Steven Spielberg criaram o cartoon “O Pink e o Cérebro” que narra as aventuras de dois ratos de laboratório, onde o “Cérebro” é um rato baixinho, mas com uma cabeça enorme, que apesar de se achar muito inteligente é acometido de uma megalomania crônica e obssessiva que o faz “tentar dominar o mundo” todos os dias. Seu parceiro o “Pink”, por outro lado, é um rato patético que adora se exercitar em sua gaiola, cuja imbecilidade acaba sempre estragando os planos maquiavélicos do Cérebro.
O desenho demonstra como funciona internamente um arrogante, e os dois personagens, na realidade tratam-se de uma mesma pessoa. São na realidade seu alter ego. A verdadeira pessoa é o Pink- desajustado, desajeitado, alienado, abestalhado etc. O cérebro é a roupagem que o soberbo utiliza diante dos demais, apesar de ainda assim, ser uma caricatura, já que o “sem noção” não consegue perceber a fantasia em que vive.
As consequências deste comportamento desajustado, principalmente em se tratando de chefes ou colegas de trabalho obviamente que não será nada agradável. O arrogante não será necessariamente um assediador moral, mas um assediador sempre será um soberbo.
Estas pessoas não lidam bem com a crítica ou a competência do outro e não pensam duas vezes em puxar o tapete de seus competidores, pois em suas mentes os fins justificam os meios. Isso, sem falar da paranoia que se instala, já que cada sombra que vê, é alguém que quer tomar os seus lugares.
O pior de um arrogante não é seu comportamento isolado que já é prejudicial, mas o efeito contaminador que pode produzir no grupo.
A psicologia comportamental explica que, muitas vezes, o comportamento de um indivíduo sozinho é insuficiente para produzir algum resultado, mas, quando somado aos de outros indivíduos unidos em um grupo, geram um efeito que não seria possível isoladamente.
Isso pode gerar um efeito coletivo degradador do ambiente de trabalho comumente encontrado em ambientes tomados pelo assédio moral generalizado.
Esse mesmo “mecanismo” também pode gerar a chamada “soberba coletiva”, quando seus membros passam a agir e falar com arrogância, supervalorizando o papel do grupo dentro da empresa, menosprezando os outros grupos e formando uma pequena rede social em que cada indivíduo reforça esse comportamento no outro. Esse apoio mútuo do grupo pode fazer até com que cada um perca a noção do quanto está sendo soberbo, uma vez que se está agindo de modo análogo aos colegas, sendo reforçado por eles, e se está com pouco contato com os efeitos negativos desse tipo de comportamento (por exemplo, afastamento e repreensões).
Por: Giovana Del Prette
Portanto, a arrogância é uma característica de ambientes tomados pelo assédio moral que em ultima instância aponta para um mecanismo perverso.
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