Malandro |
Existe um mundo esquisito,
mas muito comum que é o da malandragem. Nele, alguém se intitula o esperto em
detrimento dos outros. Sendo assim procura levar vantagens sobre os demais e se
ofende se ficarem indignados e não aceitarem tal absurdo. Daí, para a covardia
e o abuso será um pulo.
Outro dia, discutindo com
um chefe sobre as ações ilegais de outros empregados que estavam lesando
direitos ao ficarem de tocaia para pegar colegas em irregularidades, tive que
ouvir que na empresa não se cumpre a lei, pois as decisões são tomadas de forma
política- nome bonito que ele escolheu para designar sacanagem.
Curiosamente estes
cagoetas estão e são os mais errados na história, já que sequer cumpriram os
requisitos solicitados para exercer tal função, que insisto, é desvio de
finalidade e, portanto, ilegal.
Porém, ainda que agissem
debaixo da legitimidade há outro ponto contra eles. Acontece que pessoas de
todos os setores da empresa cometem uma miríade de irregularidades e estes
senhores fecham os olhos para “apurarem” tais indisciplinas.
Ora, a lei é para todos,
pois são iguais em direitos e obrigações, mas não na mente destes senhores. A
pergunta que não quer calar é: qual é a verdadeira finalidade destas pessoas no
desempenho de suas funções? Todos sabem que somente as autoridades competentes
(legitimidade) é que podem investigar e, ainda assim, conforme os procedimentos
legais, ou seja, quem não preenche estes requisitos está à margem da lei. Mas,
estes senhores evocaram para si a condição de informantes, não sei de quem. O
mais interessante é que passam por cima de quem já está constituído para
fiscalizar e controlar indisciplinas ou desvios de conduta.
Eu, particularmente penso
que só fazem isso porque não há função para eles, portanto já que estão ociosos
precisam preencher o tempo com alguma atividade que em geral é atormentando a
vida dos outros.
Está na hora das pessoas
pararem de ficar à mercê da maldade de grupos e reagir energicamente para
coibir suas condutas abusivas. Não adianta nada ficar reclamando se não tomam
atitude denunciando tais violações. A justiça não atende aos que dormem.
Não pretendo com isso
fazer apologia a qualquer espécie de conduta anárquica, mas denunciar que está
ocorrendo abuso, pois, quando somente um determinado grupo é apontado como
indisciplinado e outros são deixados à vontade para fazer o que bem entendem
sem que nada lhe ocorra, há uma relação desequilibrada em curso. “Se for para
um, então, é para todos”. Vamos moralizar tudo, e não apenas uma parte. É até
irônico falar em moralidade justamente vindo de pessoas sem consciência alguma.
O que não posso concordar
é com truculência ditatorial imposta por pessoas que possuem algum pino a menos
na cabeça por imaginarem-se espiões da KGB. Curiosamente são as mesmas pessoas
que apresentam um passado extremamente desabonador. Inclusive, isso pode ser
usado contra elas, pois seu teto é de vidro.
Quando se faz
discriminações criam-se pontos de desequilíbrio, pois o que se quer é a imposição
pela força ou coerção. Desta forma formam-se ilhas de privilégios para alguns e
bolsões de tormento para outros. Ora, é de nossa natureza comparar. Qualquer um
que olhe para o seu lado e perceba que está ocorrendo tratamento desigual
ficará indignado e quererá a equiparação. Mas, estas pessoas possuem um
sentimento de superioridade irreal que os faz achar que os outros estão lá para
os servirem. Eles são os senhores e os outros seus escravos, e, acreditem-me,
suas teorias sustentam isso.
Foi com esse pensamento
que no passado grupos militares tomaram o país de assalto e instituíram uma
ditadura que durou décadas, agiu por meio de tortura, morte e medo. Acontece
que estamos numa democracia e somos livres. Escravo é quem se deixa acorrentar.
É preciso resistir contra estas formas de tirania que ainda insistem em
sobreviver.
Como servidor público não
posso concordar e muito menos aceitar que grupos se imponham pela força da
intimidação e queiram se impor pelo terror. Infelizmente, por aqui, onde
trabalho, quem veio para arrumar a casa acabou se prostituindo com os
infectados e agora é partícipe de suas orgias. Por isso, que sou extremamente
reticente às formas superficiais e aos discursos vazios.
A população brasileira já
está farta de tanta maracutáia e corrupção envolvendo agentes, órgãos e
empresas públicas que parasitam nossa sociedade. Está na hora de decidir o que
queremos para nossas vidas. Se esconder e deixar o perverso ocupar o espaço até
exauri-lo ou promover mudanças. Por causa destes vermes é que ventos de
privatizações sopram sobre nós a todo instante, pois sempre há um esperto que
acha que é mais esperto que os demais.
raniery.monteiro@gmail.com
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