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Está Na Hora De Parar O Assédio

O homem das cavernas viveu o período mais longo da história humana. A era do gelo alterou significativamente o clima por onde expandiu sua calota polar. As glaciações começaram cerca de 600000 anos atrás e se prolongaram, intercaladas com longos períodos mais amenos, até perto de 10000 a.C. 

Nesse período o homem vivia basicamente da caça, sobretudo nas fases de menos frio, sem se fixar ao local. O risco e o perigo eram eminentes já que sua dieta era composta de mamutes, rinocerontes lanudos, bisões e alces. Neste instante percebeu-se que era mais inteligente cooperar, pois disso dependeria sua própria sobrevivência.

Basicamente não mudamos nada em termos de estrutura genética e capacidade cognitiva e a diferença se encontra na forma de organização social mais complexa, mas não é difícil imaginar que milhares de anos atrás as coisas se baseavam na força, ou melhor, a lei do mais forte. Ainda hoje isso não mudou, ainda mais em sociedades desiguais e corruptas como a brasileira que se utiliza de suas instituições para o benefício de poucos em detrimento de tantos.

Tendemos a imaginar que de lá pra cá evoluímos muito, até porque não moramos mais em úmidas cavernas, nem caçamos mais mamutes pra sobreviver, além do mais dominamos tecnologias de ponta em nosso adorável novo mundo.

Tudo é ilusão. Segundo Einstein o tempo e a realidade são meras ilusões. Mas, para nós as coisas da vida parecem uma sucessão de fatos e acontecimentos circunscritos em intervalos de tempo que obedecem a configuração passado, presente e futuro. Desta forma nos organizamos de acordo com calendários, relógios e demais ferramentas seguindo os padrões de rotação terrestre, o que para nós é tudo muito concreto. Pelo menos é o que achamos.

Se o tempo/ realidade seguem a equação da relatividade o assédio moral é permeado pela da subjetividade, pois acontece inicialmente na mente do assediador. O comum entre os conceitos é a percepção ou interpretação de como se processam tais fenômenos. A forma como percebemos o tempo dependerá de nosso estado mental ou emocional naquele momento, ou seja, daquilo que ocupa nossa mente.

Sendo assim, perceba que a sensação de tempo pode ser algo que pode prolongar angustiosamente acontecimentos ou fazê-los passar de forma rápida e prazerosa. Leve essa ideia para as circunstâncias que o assédio moral propicia e terá uma noção exata dos efeitos da relatividade.

Situar, ou circunscrever os momentos do assédio é outro elemento de complexa detecção já que seria impossível saber o que se passa na mente do agressor para que (ou por que) deflagre processos persecuritórios; pensando bem, mais difícil ainda é saber como identificar quem é um assediador moral antes de seu ataque, já que ele conta com estas ilusões para se camuflar na dimensão da sua covardia.

E por isso, "para compreender o assédio moral, é necessário contextualizar o trabalho, o significado e o sentido que adquire para os trabalhadores, as relações laborais que se estabelecem ou são estabelecidas e impostas, o sofrimento causado por imposições ao cumprimento das metas e os agravos que causam à saúde psíquica, física e à vida social dos trabalhadores. Estes riscos não visíveis são tão importantes quanto os riscos visíveis e quantificáveis, a exemplo do maquinário, do posto de trabalho, dos agentes químicos, do ruído e de tantos outros riscos mensuráveis existentes no meio ambiente de trabalho noção de como pode ser sofrido esperar que o tempo passe."ASSÉDIO MORAL: UM NOVO (VELHO) MAL-ESTAR NO TRABALHO-  GIOVANA CIGOLINI

Que dirá, então, do grupo, que vivendo no casulo de suas individualidades tenderá a perceber a realidade de acordo com seus próprios conceitos, preconceitos, egocentrismos e medos e não prestará solidariedade ao elemento de seu conjunto que é um igual, e a agressão, será vista como pontual a este e não um risco a todos. Novamente, outra ilusão.

Fato é que não há nada apontando para um futuro melhor no que diz respeito as relações envolvendo este tipo de posturas imorais e antiéticas por parte de empresas que somente vislumbram o lucro acima de tudo. Se em nome da ganância estamos destruindo até mesmo nosso planeta não seria difícil imaginar o que faríamos com o próprio ser humano visto como um componente da linha de produção. Mas, há aqueles que acreditam na redenção humana. 

O Clock of the Long Now, nome do projeto que tem por objetivo funcionar como um relógio capaz de conectar nossa geração a gerações vindouras. Ninguém pode prever com precisão que cara terá o mundo dentro de 10 mil anos. Porque existem tantas variáveis, sendo assim foi preciso levar em consideração condições que a sociedade nas circunstâncias humanas atuais não tem de enfrentar. O  cientista da computação ( inventor do artefato) chamado Danny Hillis afirma: "ganhos imediatos obscurecem o pensamento em longo prazo".

A Long Now Foundation quer que as pessoas considerem tudo que as cerca do ponto de vista de alguém que poderia viver mil anos. Em outras palavras, deixar de lado a necessidade de correr sem parar, desconsiderando o que nos cerca e levar em conta o que cada ação pode alterar no quadro mais amplo.

Hillis e seus colegas alegam que se a raça humana conseguir, de alguma forma, substituir o imediatismo por uma abordagem coletiva de longo prazo, o mundo se tornará melhor, tanto agora quanto no futuro. 

Sabe-se que as mudanças surgem dos conflitos deflagrados; que é preciso confrontar modelos arcaicos para que os novos e mais eficientes ocupem seu lugar; que se faz necessário questionar a autoridade para forçar o deslocamento da zona de conforto.

O assédio moral é um fenômeno que se confunde com a própria história humana, isso não significando dizer, ou admitir, que é correto, mas que não foi tratado como deveria, isto é, uma violência. Ao contrário, conforme as conveniências de cada época se adotava um discurso propício, seja envolvendo o divino, seja sob a desculpa que fosse.

O que se sabe é que para a riqueza de poucos uma massa precisa ser conduzida sob controle para que produza com o menor custo possível. Por isso, desde a mais tenra infância somos formatados para ocupar determinadas funções na sociedade que permitam este processo.

Se relativo é aquilo que não tem caráter absoluto e subjetivo vem das percepções de cada um de nós, é perfeitamente aceitável que sejamos os precursores das mudanças sobre a realidade e não apenas meros efeitos da realidade de alguém, ainda mais, de um perverso. É preciso interferir ativamente sobre a realidade que se quer criar.

Tudo isso pode começar com apenas uma palavra: "NÃO". Não ao abuso; não à intimidação; não à coerção; não ao patife e pilantra,....Não!
Raniery




raniery.monteiro@gmail.com
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