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Ato emulativo


Por definição ato emulativo é aquele que é exercido somente pra prejudicar o outro. 


Emulação é a conduta de uma pessoa que ao exercer um direito escolhe maliciosamente meio nocivo a outrem, podendo fazê- lo de outra forma, e nenhuma é a vantagem obtida. Somente constitui ilícito penal se definida como tal.

Num mundo cada vez mais competitivo e pautado por valores de ordem econômica, ao que parece as pessoas perdem alguns referenciais importantes pra manutenção de uma coexistência viável.

Quando a felicidade fica subordinada a coisas materiais, passa- se a relativizar as atitudes. Começamos a enxergar tudo através desta ótica e abrimos mão de princípios importantes como a dignidade, por exemplo. Desta forma, aquilo que era prioridade torna- se sem valor em função do que se quer conseguir.

O grande perigo desta forma de se conduzir é o de nos perdermos e descobrirmos mais tarde que não conseguimos coisa alguma. Isto, em se tratando de pessoas com consciência, obviamente. Já aquelas que não possuem escrúpulos, isso não é problema de forma algum. Pra elas o lema é: o fim justifica os meios. Sendo assim, farão o que for preciso pra atingirem seus objetivos e se alguém atravessar em seu caminho será descartado.

Emulação, então, é o ato exercido com o objetivo de prejudicar outra pessoa e só isso. É a maldade pela maldade, ou seja, pelo prazer.

Podemos ser tentados a achar que esta prática só ocorre em países onde as democracias são precárias ou miseráveis. Mas não, é um fenômeno global. Faz parte de um tipo de ser humano que norteia sua vida à custa do tormento alheio.

Nas civilizações decadentes, como as ocidentais, onde o sistema capitalista permeia todos os nichos sociais, a desigualdade é uma marca. Basta entender que não tem como uma meia dúzia de países serem extremamente ricos se não houver outros miseráveis.

Onde a miséria graça, não há porque se esperar que haja princípios ou valores, mas incrível e inexplicavelmente, ações perversas não são exclusividade de pessoas desprovidas: ocorre em todas as classes e níveis sociais.

Vale dizer que a falta de consciência por parte de pessoas que são exceção a regra é tão antiga quanto o próprio homem.

Na Bíblia encontramos inúmeros registros de práticas condenadas por seus autores. Dentre eles eu citaria o rei Davi que é uma lenda dentro da cultura judaica, e, que, em seus Salmos, deixava muito clara sua indignação contra seus inimigos e em seus desabafos descrevia pra características que apontam pra este tipo de perfil.

Basta uma leitura simples e rápida do salmo 5, por exemplo, pra perceber que o carismático monarca traça as características psicopáticas de seus cruéis desafetos, entre elas a  prática da maldade, a iniqüidade, a arrogância, a mentira, numa listagem infindável e conhecida de todos nós.

Eu defendo a opinião de que este tipo de pessoa perversa não muda seu comportamento ao longo da vida e, corrobora comigo, os especialistas que apontam o transtorno de personalidade dissocial como um estilo de vida que a pessoa escolhe pra se conduzir e que não tem intenção de mudar ou arrependimento pelo que faz.

Em meu trabalho, a partir deste raciocínio, consegui identificar algumas figuras que apresentam este perfil. Incrivelmente, eles não falham uma única vez: sempre manifestam seu comportamento negativo. Inibem-se por algum momento, caso haja algum órgão que os fiscalize, mas logo após colocam sua garras de fora.

Perceba você: por esses dias a empresa enviou- me uma deliberação que proibia um direito meu por conta do capricho das funcionárias do departamento de pessoal. Imediatamente lhes indaguei a legalidade de tal ato. Elas, então, se ofenderam, pois segundo sua ótica eu não deveria lhes questionar e teria que acatar qualquer determinação de forma mansa e servil, pois afinal, elas são de um setor muito importante e praticam tal ato tradicionalmente. É o famoso “sempre foi assim”.

Solicitei- lhes, então, que me dessem por escrito uma notificação que se recusaram prontamente.

Reclamaram ao seu gerente de minha petulância, e, este ao meu. Um pouco antes eu havia solicitado, ao meu setor, uma cópia do documento, que eu assinara um mês antes, e que me amparava em tal situação. Minha atitude gerou consternação e a classificaram como absurda e petulante. E mais: fui tido como malicioso pelo fato de ter solicitado tal documento ao funcionário do setor que “de forma ardilosa haveria sido induzido a erro por mim”. Detalhe, tudo por que estou cursando a faculdade de Direito, externou o agressor.

Dias depois, enviaram um superior pra tentar me coagir a assinar um documento em que eu abria mão de meu direito e o mais engraçado é que havia um anexo onde eles reconheciam o erro da empresa. Debaixo de ameaça tentaram forçar um colega a ser testemunha, mas este se recusou o que causou a fúria do chefe. Foi então que pedi uma cópia do referido documento que, evidentemente, recusaram a me fornecer.

Estranhamente disponibilizaram informação na intranet da empresa onde consta uma data que reforça meu argumento de que, em relação a tal direito, deveria ter- me sido antecipado.

Sarcasmo à parte, o fato é que eles ficaram extremamente frustrados por não conseguirem me causar dano e ainda atribuíram a mim exatamente o que eles fazem. Resumindo: o tiro saiu pela culatra.

 Verdade é que “eu não poderia ter tido acesso àquele documento” (obviamente porque me amparava) e na tentativa de intimidação sinalizaram certo desespero e raiva porque eu consegui me defender de uma ilegalidade, o que é compreensível se pensarmos do ponto de vista das pessoas perversas, pois deve ser frustrante elaborar uma armaçãozinha, e, quem deveria cair, não só se livra como ainda dá o troco. É pra ficar bem chateadinho, né?

O que restou ao agressor foi vociferar que promoverá uma retaliação, mas isso é esperado por parte deles e já estou calejado. Interessante mesmo foi que depois de anos de assédio moral, ser esta, a primeira vez que decidiram me encarar e se comunicar verbalmente, o que não deixa de ser surpreendente e aponta que estamos evoluindo em nossa comunicação subjetiva.

Portanto, a emulação é a estratégia dos cafajestes que de maneira sórdida utilizam mecanismos covardes com aparência de legitimação, mas que contém uma carga de malignidade total dirigida contra alguém que se quer prejudicar.

O segredo é procurar conhecer seus direitos e ter a convicção e firmeza de defendê- los.


Raniery
raniery.monteiro@gmail.com

Comentários

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