A língua portuguesa veio do latim, que os romanos introduziram na Lusitânia, região situada ao ocidente da Península Ibérica. Investigações científicas levam a crer que dois povos primitivamente habitaram o solo peninsular: Cântaro- Pirenaico e Mediterrâneo. Desses dois povos originou- se, respectivamente, o Basco e o Íbero.
A penetração dos celtas na Península (século V a.C.) foi de grande contribuição para a Cultura Portuguesa. Os povos celtas, em cinco grupos, entraram na velha província romana, pelo Algarve (os Cinetes), entre os rios Sado e Tejo (os Sempsos), entre a Estremadura e o Cabo Carvoeiro (os Sepes), pelo centro (os Pernix Lucis) e pelo norte (os Draganes).
Muitos anos depois, a vida dos povos primitivos da Península foi-se modificando devido à influência de povos de outras regiões.
Com o tempo, Celtas e Iberos acabaram por se misturar, e, em certas zonas da península surgem como um único povo, os Celtiberos. Uma dessas tribos era a dos Lusitanos.
No tempo do imperador Augusto, a península foi dividida em três províncias: a Tarraconense, a Béltica e a Lusitânia. A obra de romanização foi facilitada pelo o parentesco linguístico existente entre o latim e o celta, que se instalou de forma gradativa em todos os povos da região.
O Brasil, como se sabe, foi uma colônia portuguesa e herdou toda uma herança cultural, e, obviamente, lingüística. Além disso, como se pode notar, nos primórdios de formação dos povos houve uma miscigenação freqüente que é outra característica que aqui se adotou.
Feita esta introdução, gostaria de destacar alguns pontos importantes de dois povos que me identifico por sua bravura, espírito guerreiro, arrojo e coragem: os celtas e os cartagineses. Nossos ancestrais deixaram um legado e ensinamentos importantes que devem ser invocados sempre que necessário para que possamos superar os desafios que nos afrontam hora ou outra.
Os Celtas
A Origem Celta, datada de mais ou menos o ano de 1200 a.C., situa-se na Europa Central, embora partisse da mais numerosa vaga de invasão indo-européia. Durante os 600 anos seguintes, os celtas chegaram a Portugal, Espanha, França, Suiça, Grã-Bretanha e Irlanda, e também tão longe como a Grécia e a Galácia. No continente foram vencidos pelos Romanos, continuando, portanto, a manter traços fundamentais da sua cultura, mas nas Ilhas Britânicas a invasão romana parou na muralha de Adriano, mantendo os Celtas, em especial na Irlanda, toda a sua autonomia e herança cultural. Pois, é na Irlanda e no País de Gales que ainda hoje podemos ir à busca do pensamento e da antiga religião de nossos antepassados Celtas e Druidas. Nem a Roma imperial conseguiu vencê-los na Grã-Bretanha.
Júlio César desde o domínio romano reconhecia a coragem que os druidas e celtas tinham em enfrentar a morte em defesa de seus princípios.
A bravura dos Celtas em batalha é lendária. Eles desprezavam com freqüência as armaduras de batalha, indo para o combate de corpo nu. Não havia distinção entre homens e as mulheres na sociedade Celta; a igualdade de cargos e desempenhos era considerada equiparada em termos de sexos. As mulheres tinham uma condição social igual á dos homens sendo muitas vezes excelentes guerreiras, mercadoras e governantes.
Os Celtas transmitiram a sua cultura oralmente. Eles eram em geral bem instruídos, particularmente no que diz respeito à religião, filosofia, geografia e astronomia.
-Influência religiosa pré- cristã: as literaturas no gaélico, no galês ou no bretão, exerceram influência através da Poesia Pastorial e dos Romances de Cavalaria (a saga do Rei Arthur e a busca do Santo Graal), das Ciências Herméticas ou Ocultas, da Adivinhação e da Cultura Rúnica, até a formação ideológica das elites em Ordens de Cavalaria e Confrarias (do tipo Rosacruzes e Maçonaria).
Vários estudiosos põem o kardecismo (de Kardec, antigo poeta esotérico celta) como um sistema filosófico-espiritual dos Celtas; aliás, Allan Kardec (pseudônimo do estudioso francês Léon Rivail) continuou a doutrina céltica no que tange à transmigração das almas e dos espíritos.
Foi grande a importância dessa civilização antiga na formação do ser-português, na Língua Lusa que a saga marítima de 1500 levou ao mundo, legou a africanos e criou o tupi-afro-brasileiro, mesmo que à custa da destruição dos nativos pelo catecismo jesuítico e pelos ferozes capitães do mato e bandeirantes.
Os Íberos
Os Iberos eram um povo pré-histórico que vivia no Sul e no Este do território que mais tarde tomou o nome de Península Ibérica.
Os geógrafos gregos deram o nome de Ibéria, provavelmente derivado do rio Ebro (Iberus), a todas as tribos instaladas na costa sudeste, mas que no tempo do historiador grego Herodotus (500 AC), é aplicado a todos os povos entre os rios Ebro e Huelva, que estavam provavelmente ligados linguisticamente e cuja cultura era distinta dos povos do Norte e do Oeste.
A economia Ibérica tinha uma agricultura rica, forte exploração mineira e uma metalurgia desenvolvida. A língua Ibérica era uma língua não Indo-Europeia, e continuou a ser falada durante a ocupação romana. Ao longo da costa Este se utilizou uma escrita Ibérica, um sistema de 28 sílabas e caracteres alfabéticos, alguns derivados dos sistemas fenícios e gregos.
Os Cartagineses
Roma não via com bons olhos o assustador progresso de Cartago, que foi uma potência do mundo antigo, no mar e em terra, disputando com Roma o controle do Mar Mediterrâneo.
Declarada a guerra entre as duas potências rivais, que se prolongou por 148 anos, onde coube a vitória a Roma. Desse modo, a Península passa à condição de vassala de seus dominadores. Sua romanização vai desde os tempos da República, até o estabelecimento do Império.
Cercada de lendas, Cartago nasceu no norte da África. Da disputa com os romanos originaram-se as três Guerras Púnicas, após as quais Cartago foi destruída.
Fundada por cidadãos de Tiro uma cidade Fenícia cujo povo, de origem semita, provavelmente surgiu do Golfo Pérsico ou da Caldéia. Acredita-se que tenham chegado às terras que hoje formam o Líbano por volta de 4000 a.C.
A cidade Cartaginense foi fundada em 814 a.C., e, em 500 a.C. já era poderosa. Os fenícios dominavam a metalurgia, fabricavam ligas de ouro e outros metais, faziam armas e objetos de cerâmica. Mas, seu grande poder vinha de sua frota naval.
Nessa época, Roma estava nascendo, era uma pequena cidade da Itália enquanto Cartago era a dona do Mediterrâneo.
Um povo nada belicoso, que se desenvolveu através do comércio e não de guerras, hábeis navegantes que usavam sua capacidade naval, apenas para negociar. Fundaram entrepostos comerciais em diversos pontos do Mediterrâneo, mas nunca ocuparam mais terras do que o necessário e nunca atacaram outros povos gratuitamente.
O fato de Cartago superar os gregos, e sua marinha poderosa manter o controle sobre as ilhas cobiçadas pelos romanos, como a Sardenha, fez com que Roma quisesse seu domínio.
UM GENERAL ANTIIMPERIALISTA
Pertencente à poderosa família dos Barcides, Aníbal era filho de Amílcar, conquistador de boa parte da Península Ibérica. Desde a infância, foi animado por uma vontade indomável de dar a Cartago uma revanche, por causa da derrota na primeira guerra púnica (254-241 a.C).
Militarmente, Aníbal foi formado pelos métodos helenísticos, introduzidos em Cartago em 240 a.C., e sua estratégia é semelhante à de Alexandre, o Grande: superar a inferioridade numérica em relação ao adversário, graças a uma guerra clara, com foco no centro do poder inimigo. Aníbal também foi inovador: vez por outra, criava unidades pequenas e móveis em seu exército, capazes de manobras complexas no campo de batalha.
Segundo Mhamed Hassine Fantar, professor universitário de história antiga e arqueologia na Tunísia, é provável que Aníbal tenha sentido o perigo de uma Roma que era a única potência do Mediterrâneo em meados do século III a.C. Nessa hipótese, teria se levantado contra o imperialismo, com o objetivo de obter uma política de equilíbrio regional que incluísse, pacificamente, cartagineses, romanos e gregos.
Militarmente, Aníbal foi formado pelos métodos helenísticos, introduzidos em Cartago em 240 a.C., e sua estratégia é semelhante à de Alexandre, o Grande: superar a inferioridade numérica em relação ao adversário, graças a uma guerra clara, com foco no centro do poder inimigo. Aníbal também foi inovador: vez por outra, criava unidades pequenas e móveis em seu exército, capazes de manobras complexas no campo de batalha.
Segundo Mhamed Hassine Fantar, professor universitário de história antiga e arqueologia na Tunísia, é provável que Aníbal tenha sentido o perigo de uma Roma que era a única potência do Mediterrâneo em meados do século III a.C. Nessa hipótese, teria se levantado contra o imperialismo, com o objetivo de obter uma política de equilíbrio regional que incluísse, pacificamente, cartagineses, romanos e gregos.
Portanto, foi pra minha surpresa e contentamento que, ao pesquisar sobre os Celtas, encontrei a origem de minha própria língua, raízes, religião e até comportamento. Pesquisa, essa, que se revelou um presente dos deuses e acabei descobrindo uma herança que vai além de qualquer lógica, numa mescla de cultura e identidade, mostrando que a história é muito mais que mera transmissão de fatos ou narrativas, mas energia viva que recria todo um universo que habita e é carregado em cada um de nós. Descobri, sem que tenha me apercebido disso, que carregamos uma consciência cósmica e conhecimentos que ficam gravados em nosso código genético, que muitos chamam de consciência coletiva.
Sem saber destes detalhes, intuitivamente havia desenvolvido minha espiritualidade, me vi guerreando contra injustos agressores (muito mais fortes que eu), sem contar com uma capacidade de superação metafísica transmitida por meus ancestrais longínquos.
Conhecer povos ancestrais, de qualquer forma, nos trás, no mínimo, as lições de seus dramas e tramas, o que pode, em última instância, nos proporcionar condições para encontrar algumas respostas pra determinadas questões análogas.
Fica patente na cultura desses povos uma necessidade inabalável de ocupar os seus espaços, paradoxalmente, muitas vezes causando sua própria destruição, mas em hipótese alguma deixando de oferecer resistência a inimigos muito mais poderosos, a ponto de arrancar- lhe admiração ou os forçando à dizimá- los, tal o medo que lhes impunham, a despeito de serem mais fracos. Fraqueza aqui não é servilismo, mas condição ou situação mesmo.
Resgatando nossas origens nos vemos, muitas vezes, nos encontrando: o que não deixa de ser fascinante sob muitos aspectos. E quem diria ser a história do Brasil muito anterior à sua colonização e que, de uma forma ou de outra, nos transmitiram essa herança genética e cultural.
A lição que esses povos nos deixam é a da força e coragem pra enfrentar quais quer que sejam as adversidades ainda que estejam encarnadas na pele de um maldito agressor. Se o que aprendermos com eles se incorporar em nossos próprios espíritos, sairá tão caro pra estes quanto o foi pra Roma em determinada momento e poderemos ir além, já que não cometeremos o mesmo erro que Aníbal, isto é, não nos associaremos aos pérfidos mercenários que não são dignos nem das migalhas que são jogadas para comerem.
Então, a partir de agora, posso dizer que toda vez que me deparar com um agente agressor invocarei dentro de mim a força poderosa
e mística desses povos guerreiros.
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