Assisti Invictus. Gostaria que você e muito mais pessoas tivessem o interesse e a oportunidade de também ver este filme, um belíssimo espetáculo de lição de vida diante das variadas ofertas nas redes de cinema. Vale o esforço.
É claro que não vou contar o roteiro, muito menos falar dos planos de filmagem. Sou um apaixonado por cinema. Até penso em fazer o curso de cinema da UFF (Universidade Federal Fluminense/RJ) no futuro. Por enquanto, deleito-me com certas produções, merecedoras não só de boa bilheteria, admiração do público, prêmios, mas também de artigos disparados mundo afora, como este aqui.
Não tenho como não falar de Clint Eastwood que, mais uma vez, dá provas de sua extrema habilidade, ao dirigir este 32º longa de sua carreira como diretor.
Aliás, Invictus é também o oitavo trabalho de Eastwood com o músico Kyle, seu filho. Baseado no livro de John Carlin, foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Direção (Clint Eastwood), Ator (Morgan Freeman) e Ator Coadjuvante (Matt Damon) em 2010 e ainda recebeu duas indicações ao Oscar: Melhor Ator (Morgan Freeman), Melhor Ator Coadjuvante (Matt Damon). Reúno estas informações porque acho interessante adentrar no contexto formador de uma produção tão fascinante, tanto no formato quando no conteúdo.
Mas sobre o que fala Invictus? De um legado nocivo em um país sofrido, de uma esperança trazida da prisão, de um jogo que se torna desafio de superação, de um homem que renovou a África do Sul. O filme fala de Nelson Mandela e de um poema que o ajudou a reter a sanidade, o bem e o perdão, Invictus, escrito pelo escritor britânico William Ernest em 1875.
Um século depois, Mandela lia o poema, aprisionado em Robben Island, onde ficou por quase 27 anos, cumprindo pena de trabalhos forçados, por ter lutado contra o regime do apartheid (Política de segregação racial da África do Sul). Apenas foi libertado em 1990, tornando-se, surpreendentemente, presidente do país em 1994 até o ano 1999. A história deste grande líder da paz você deve conhecer - ou deveria. Fez diferença mesmo no esporte. Mandela foi estratégico ao usar aquilo que mais mobiliza pessoas de todo o mundo, contribuindo para mudar a história do rugby na África do Sul, corroída por segregação racial por quase 40 anos.
Em 1995, com a aproximação da copa do mundo de rugby em plena África do Sul, ainda profundamente dividida entre negros e brancos, Mandela age com sensibilidade e notável inteligência para conduzir os conflitos. Faz do Springboks, a seleção sul africana de rugby, mais que um time. Stop! Se quiser saber como é a história, veja o filme. Lamento, mas não vou cair na armadilha de contar.
Mas faço questão de dividir a grande mensagem de Invictus e suas magníficas palavras: "Não importa o quão estreito seja o portão e quão repleta de castigos seja a sentença, eu sou o dono do meu destino, eu sou o capitão da minha alma". Quem conhece meus livros, sabe de meus pensamentos acerca da performance de um vencedor diante de portões estreitos, castigos e sentenças. Acredito que a carga emocional contida no poema foi tremendamente forte para fazer com que um homem mantivesse sua integridade em todos os sentidos.
Sim, somos donos de nossas escolhas. Escolhemos vencer ou perder, morrer ou viver. Isto também me faz lembrar de outro filme, "Um sonho de liberdade", em que um prisioneiro, retido injustamente por mais de 20 anos, dá seu próprio veredito: "Aqui, ou você se ocupa de morrer ou se ocupa de viver. Escolhi ocupar meus dias vivendo". Mandela fez o mesmo. E por ter conseguido, espalhou esta possibilidade de vida para seu amado país, contrariou as normas dos rancores, os dissabores do passado. Passou com nota mil no teste de Quociente de Adversidade, aquele que mede o quão capazes somos para enfrentar circunstâncias adversas.
Mandela resistiu na prisão e fora dela. Demonstrou que um ser humano não pode ser deformado por suas lutas e fracassos. Em meu livro "A Maratona da vida - um manual de superação pessoal", escrevo que não é o fraco que sente dor, mas o forte. O fraco recebe o impacto da dor e desiste. O forte prossegue com ela que, por vezes, parece eterna. Mas é o forte quem persiste e vence. Pois bem, os Springboks venceram - e você vai ver o quanto eles sentiram de dor e esforço -, a África do Sul venceu, Mandela venceu.
Não é à toa que este líder tornou-se o político com maior autoridade moral no continente Africano, o que lhe tem permitido desempenhar o papel de apaziguador de tensões e conflitos; ganhou centenas de prêmios, como o Nobel da Paz, recebido em 2002. Quando se fala dele, a gente estremece.
Na verdade, anseio que mais pessoas o conheçam, passem a ver filmes assim como um upgrade pessoal, aquisição de maturidade emocional. Mas sei que, infelizmente, muitos estão ocupando-se com investimentos bem menores, focados em leituras fracas, entretenimentos sem conteúdo. É a retroalimentação do mundo.
Para os interessados em algo mais produtivo e que FAÇA VIVER, eu espero que assim como foi para Mandela, que este poema torne-se nosso constante companheiro durante a desafiadora maratona da vida.
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