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Campo de batalha

Sua mente

Os processos de assédio moral são considerados verdadeiras guerras. Guerra psicológica ou psicoterror.

Mas, onde é o campo de batalha que se desenrola neste combate? É na mente humana, sobretudo, na da vítima, cujos pensamentos, emoções, atitudes e comportamentos serão o território a ser dominado e conquistado pelo agressor.
Ora, se é assim mesmo, então, este domínio (mente) deverá ser protegido a todo custo, sob pena de se sucumbir diante do fogo cerrado do inimigo.
Suas emoções
Para conquistar a mente da vítima o agressor desfere ataques às suas emoções com o objetivo de minar aquilo que é uma barreira, ou fortaleza natural, que o impede de tomar o controle definitivo. Sua intenção é a de destruir seu escudo protetor: a autoestima. Desta forma procura fazer com que a pessoa perca sua confiança em si mesma (autoconfiança) e abra as portas para a invasão. Ele sabe que só poderá entrar se esta porta for aberta por dentro.
Os ataques
Os ataques serão efetuados de forma repetitiva, o que faz com que a muralha vá aos poucos se enfraquecendo e perdendo a estabilidade, o que, em determinado instante, ruirá e a invasão será eminente. Sequências de humilhações, punições, xingamentos, gritos, “não ditos” fazem com que a pessoa fique em um primeiro momento confusa e aos poucos vai acreditando no discurso agressivo internalizando-o.
O objetivo é simples: desestabilizar a pessoa emocionalmente para fazê-la vacilar ou precipitar-se e forçá-la ao erro para configurar uma incompetência ou negligência, e, por fim, demití-la por justa causa.
Todo o processo desencadeia as fobias naturais dos instintos de defesa que possuímos; assim, quadros ansiolíticos, estados de alerta, pânico, raiva, stress serão desencadeados, o que fará com que o assediado perca sua capacidade assertiva e se torne um alvo fácil.
A armadura
No mundo antigo, a armadura era um assessório de proteção pessoal, em alguns casos de metal, usada por soldados, guerreiros e cavaleiros como uma forma de blindagem durante as batalhas. Havia diversos tipos e podiam ser, por exemplo, de cota de malha, mista com couro, entre outras. O fato é que um guerreiro não saia para a batalha sem ela.
No mundo bíblico, os cristãos utilizaram a analogia quando o apóstolo Paulo descreveu a armadura de Deus em Efésios 06: 13-17 e detalhou uma espécie de proteção espiritual. No esoterismo, há descrições similares que buscam proteção contra os ataques psíquicos à nossa aura pelos chamados vampiros energéticos, mas todos descrevem, em essência, uma mesma idéia.
Energias
Determinados ambientes disseminam todo tipo de energia malévola, e alguns, como no caso daqueles que são permissivos quanto ao assédio moral, acabam por propagar um tipo denso e obscuro que suga a nossa energia, e causam, entre outros efeitos, desânimo, desmotivação, caos e toda sorte de negatividade.
Muitas vezes, a pessoa nem se dá conta de que o motivo de seu cansaço excessivo, sonolência, apatia e desmotivação deve-se a este circulo vicioso de negativismo perverso.
É comum encontrar nestes lugares toda espécie de sintomas doentios como, depressões, doenças psicossomáticas, dependência química, transtornos de personalidade incluindo aí casos graves de suicídio.
Como predadores selvagens, os agressores psicológicos se alimentam do transtorno alheio produzido por suas hostilidades. É interessante notar como estes vampiros revigoram-se pelo mal que o outro está passando. Como afirmou a Dra Ana Beatriz Barbosa Silva: “o psicopata não vai ao trabalho, vai à caça”.
Esta natureza mórbida faz o agressor agir por impulsos destrutivos que permitem que se autoafirme e se autoregule internamente. É como se não bastasse seus atos corruptos ou ilícitos, mas a saciedade de seus instintos somente se completa pelo prejuízo ao outro.
Agentes atormentados
Como exemplo, cito um episódio, onde uma pessoa que se dirigiu ao meu local de trabalho e, quando orientada sobre determinada conduta regrada pelas normas locais, revoltou-se de forma desproporcional pretendendo criar um tumulto. Esbravejou, tentou a boa e velha carteirada do “você sabe com quem está falando”, e sua clara intenção era a de me fazer cair na armadilha da provoção, e, quando viu que não obteve sucesso tentou induzir um chefe a acreditar que eu o havia insultado e tratado com falta de urbanidade. Fracassou, pois não caímos em seu ardil e teve que ir embora contrariado.
Em outras duas oportunidades, já relatadas aqui neste blog, dois superiores tentaram usar do mesmo expediente, mas obtiveram o mesmo resultado: frustração.  Resumindo, não encontraram alimento e tiveram que buscá-lo em outro lugar e a energia negativa que tentaram implantar voltou-se contra eles que, então, saíram mais perturbados do que quando chegaram. Um colega espírita disse-me que são espíritos que ainda não evoluíram, e, ao que me parece, atrasaram mais um pouco este processo.
Dizer que o assédio moral é uma espécie de guerra não é incorrer em exageros, mas a constatação de um padrão destrutivo e que só causa prejuízos generalizados. É uma guerra psicológica cuja batalha se desenrola na mente da vítima e o principal objetivo do agressor é o domínio e controle dos pensamentos do assediado.
Portanto, deve-se adotar a mesma preocupação em se proteger e se defender, assim bem como os países o fazem em caso de ataques, pois senão, o invasor causará inúmeros estragos. Um assediador moral, não possui consciência, nem tão pouco humanidade, e não serei eu quem dará lições de humanidade a um psicopata.
Portanto, se um demente sádico decidir prejudicar alguém por meio deste tipo de perversidade deve saber que custará um ônus razoável e proporcional ao agravo cometido. 
Raniery
raniery.monteiro@gmail.com

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