Animais predadores são furtivos por natureza e utilizam inúmeras estratégias para abater suas presas. Escondem- se, camuflam- se, mimetizam outros animais, vegetais e minerais. No mundo selvagem é matar ou morrer.
Entre os humanos, também encontramos indivíduos com instintos destrutivos, movidos por algum transtorno de personalidade ou motivados por vícios ou paixões. De qualquer forma, em determinado momento, darão vazão a essas respostas comportamentais negativas.
A principal tática utilizada é, justamente, desviar o foco de suas reais intenções. São as chamadas máscaras da sanidade. Sendo assim, é preciso que a pessoa que será enganada não desconfie de seus objetivos. Daí porque, criar uma espécie de personagem que se adeque nas expectativas da vítima. E nisso eles são muito bons. Ao mesmo tempo em que utilizam a teatralidade, farejam pontos de vulnerabilidade a serem explorados, ou seja, condições emocionais que não permitam que a pessoa utilize a razão e o bom senso.
Surgem, então, “pessoas” que são acima de qualquer suspeita, como pastores, padres, enfermeiras, pais de família zelosos, líderes comunitários, supermães etc.
Acontece que nosso cérebro preenche as lacunas; o raciocínio é: se ela é enfermeira, logo só faz o bem; se é padre, então jamais fará o mal, e por aí vai.
São inúmeras as possibilidades.
É uma combinação fatal.
Esses predadores sociais possuem uma incrível habilidade para detectar condições e pessoas que estejam (ou vivam) de guarda baixa, dando sopa mesmo. Pensando bem, a maioria de nós.
Exatamente porque não viverei numa paranóia, caçando demônios em cada sombra que apareça, é que cometo o erro de abrir mão da prudência e da cautela. É a porta de entrada ou a brecha que algum maldoso (a) precisa para se infiltrar.
Todo e qualquer extremo é perigoso, mas uma dose de razão e emoção, que resulte em equilíbrio, não.
Como posso expor minha vida à pessoas que mal conheço ou que não convivi o suficiente? Aliás, é possível conviver com alguém sem que o conheça de fato.
Nossos sentidos e sentimentos nos enganam traquilamente. Formulamos falsos juízos baseados em aparências. O final dessa história pode ser desastroso na pior das hipóteses e, danoso na menor delas.
Vale lembrar que o ser humano não é uma máquina previsível em seu comportamento. Somos afetados por inúmeros fatores, como doenças, emoções, meio, humor etc. Somente isso já seria o suficiente para aguardar uma avaliação mais precisa sobre alguém.
Não quero dizer com isso que devemos nos fechar em alguma espécie de casulo e desistir de interagir com os outros, ou concluir que todos são perigosos. Não, em hipótese alguma, ao contrário. Acredito que existam pessoas maravilhosas, verdadeiros exemplos; a maioria das pessoas eu diria, até.
O que estou defendendo aqui é uma postura um pouco mais analítica e reflexiva nas interações com as pessoas, para que não venhamos nos tornar alvos fáceis de algum perverso.
Portanto, da próxima vez que sua intuição disparar e que evidências apontarem para alguma inconsistência, observe atentamente o que elas estão lhe dizendo. Quem sabe, agindo assim, você não economize algumas lágrimas.
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