Historicamente o ser humano é conhecido por impor a força sobre seus semelhantes na tentativa de subjugá- los, para conseguir alguma vantagem- é o direito do mais forte.
A idéia básica é submeter o outro, e assim conseguir o que se quer. Pode ser pela intimidação psicológica ou pela coerção mesmo. Assim como na natureza, é óbvio que, aquele que é mais fraco ou menos forte evitará o confronto por uma questão de preservação: é um ato inteligente; mas no momento em que encontrar uma oportunidade ou uma vulnerabilidade naquele que o subjuga, atacará e tomará seu lugar. Recuperou o lugar que lhe foi tirado da mesma maneira que o usurpador o fez. Nada mais justo oras. E só o fez porque foi lhe imposto uma injusta agressão.
Pense em um cadáver. Quando o coração pára de bater, as células do corpo e os tecidos param de receber oxigênio. As células cerebrais são as primeiras a morrer - normalmente em três a sete minutos. Ossos e células da pele, no entanto, sobrevivem por diversos dias. O sangue começa a ser drenado dos vasos sanguíneos para as partes inferiores do corpo, criando assim uma aparência pálida em alguns lugares e uma aparência mais escura em outros.
Conforme as células morrem, as bactérias dentro do corpo começam a desintegrá-lo. Enzimas no pâncreas fazem com que o órgão se dissolva sozinho. O corpo logo assume uma aparência horrível e começa a cheirar mal. Tecidos em decomposição liberam uma substância esverdeada que liberam gases como metano e sulfeto de hidrogênio que desperta o apetite das moscas que podem se alimentar bem com um cadáver. O corpo em putrefação pode se tornar o habitat de cerca de 300 larvas. Os pulmões expelem um fluído pela boca e pelo nariz.
E o que isso tem a ver com o assunto aqui discutido? Tudo!
Da mesma maneira que um organismo em estado de decomposição, o poder pela força já nasce morto- é natimorto. E por quê? Porque não se sustenta de forma legítima. Assim que outro mais forte que o anterior decide assumir seu lugar, seus dias estão contados. Seria legítimo caso gerasse algum dever, se fosse legal, por exemplo, mas se baseia na intimidação. Quem cede, não o faz pelo dever, mas pelo medo. No momento que o medo acaba ou que a situação se torna insustentável, uma reação é deflagrada pelo sujeitado.
Vale lembrar que o valentão ou o poderoso sabe que seu poder subsiste por uma condição que não se sustenta, e o que faz é utilizar de manobras e ardis, como a manipulação.
Há um personagem de história em quadrinhos que retrata um pouco dessas relações: “V (de vingança)”.
O enredo é situado num passado futurista (uma espécie de passado alternativo), numa realidade em que um partido de cunho Totalitário ascende ao poder após uma guerra nuclear. A semelhança com o regime Fascista é inevitável devido ao fato do governo ter o controle sobre a mídia, a existência de uma polícia secreta, campos de concentração para minorias raciais e sexuais. Existe também um sistema de monitoramento feito por câmeras nos moldes de "1984", de George Orwell, escrito em 1948. A história em quadrinho foi escrita num momento histórico no qual a Inglaterra estava implementando o sistema Capitalista Neoliberal com a primeira ministra Margaret Thatcher. Ao mesmo tempo o "Socialismo Real" da extinta URSS (atual Rússia), estava em total descrédito devido aos horrores do Stalinismo.
"V" (codinome do protagonista) tem uma postura Anarquista e decide lutar contra o sistema após ter sido vítima de experiências ilícitas realizadas por este governo. O final do filme é surpreendente.
Em situações, onde as relações caminham em pé de equilíbrio há uma normalidade que se desenrola, o que é saudável e é o que todos querem. O que acontece é que isso, de certa forma, é uma utopia já que até hoje não ocorreu, salvo algumas exceções que se aproximaram do ideal.
Chegará o dia em que teremos que decidir sobre isso. Em determinado momento as pessoas de bem ficarão tão saturadas que sairão de seu comodismo paralisante e partirão para o confronto, assumindo o lugar que lhe é devido.
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