No estado de natureza selvagem em que vivíamos outrora, o que prevalecia era a lei do mais forte.
Pois bem, essa condição do mais forte subjugar o mais fraco tem a ver com uma simples questão de desequilíbrio. Eu que sou fraquinho, perderei fácil pro Mike Tyson, e, nesse caso, é capaz de eu correr 100m em 30s!
Por mais engraçado que possa parecer imaginarem aquele brutamonte correndo atrás de mim, a grande realidade é que, na prática, isso ocorre todo santo dia nos mais diversos lugares. É o bullying, a violência doméstica, a pedofilia, a corrupção, os tipos de assédio etc.
Essa relação de desequilíbrio e covardia se origina de quem tem como objetivo tirar qualquer chance de defesa que alguém possa esboçar, para destruí- Lo sem qualquer ameaça de reação. Essa é a idéia.
Se você pensar: qual é a forma mais fácil de uma pessoa se promover entre seus potenciais competidores? Promovendo- se à custa dele, ora. O raciocínio é até bem simples: depreciar e desqualificar o outro, sistematicamente, por meio de boatos e fofocas, persuadindo o grupo de que faz isso com a maior boa intenção e porque é amigo de todos. O argumento (a mentira) utilizado é que essa pessoa é uma ameaça a todos.
Olhe só, dessa forma, eu tanto consigo esconder minha inferioridade ou incompetência quanto me livro do rival, sem sujar minhas mãos, já que será o grupo que irá execrá- lo por mim.
O agressor sabe contar com o medo do perseguido para que este se submeta. Inclusive, ele lança mão de seus aliados para tal. O perverso escolhe, entre seus lacaios, aqueles que são mais dóceis, isto é, manipuláveis, para isolar a pessoa alvo; todo aquele que não concordar em fazer parte da gangue, será transformado em bode expiatório, também. O engraçado é que, os membros do grupo perverso, criam uma espécie de laço chegando a, incrivelmente, parecer amigos, mesmo: saem juntos, fazem churrascos, festas de confraternização, enfim; quem vê de fora chega a duvidar se não estão diante de anjos. Dessa forma, unidos pelo mal, ganham força para depreciar e ironizar suas vítimas.
Todo bando tem seu líder, e entre os perversos, não poderia ser diferente. Eles o vêm como um modelo a ser seguido e imitado, já que não possuem personalidade própria; perdem, então, todo o senso crítico: é a força do grupo sobre o indivíduo.
Tais perversos amam e querem chegar ao poder, que tem conotação diferente pra cada pessoa: pra uns, é riqueza; pra outros, serem temidos; outros ainda, serem admirados; ... força; domínio etc. Sendo assim, farão qualquer coisa pra obter o que querem e se manter lá: mascararão sua incompetência, e, qualquer um que for um obstáculo, nesse sentido, se livrará sem escrúpulos. Lembrando que o perverso não ataca somente o fragilizado, se preciso for, cria a fragilidade, também, sobre alguém.
Sun Tzu já dizia há milênios: é preciso conhecer a estratégia do inimigo. E a ação do perverso, se dá em dois instantes simultâneos:
-O primeiro é atacar a vítima para paralizá- La;
-O segundo, é uma conseqüência do primeiro- atacando alguém, ele sabe que o grupo estará assistindo de camarote e, dessa forma, entenderá o recado e também não ousarão enfrentá- lo.
Acontece que esses valentões necessitam de ambiente para se criarem, e, o encontrarão em lugares que permitam que esses abusos aconteçam sem coibí- los. São ambientes desorganizados, mal estruturados, ou seja, que apresentem uma fragilidade que será aproveitada pelos perversos.
O processo vai minando a força do outro, explorando sua fraqueza, levando- o ao descrédito pessoal para destruir suas defesas. Tudo ocorre de forma sutil e camuflada sendo que jamais admitirão o que estão fazendo; agem como se nada estivesse acontecendo, na maior cara de pau. Se, em algum momento, a pessoa se rebelar, isso disparará o ataque declarado que antes atuava no subjetivo. É o início do psicoterror.
Não se admite que a vítima se queixe, pois um perverso não aceita oposição, questionamento ou críticas. Acontecendo isso, ele odiará seu oponente e só descansará quando o tiver destruído; mas isso ele o faria de qualquer forma, só que agora, pensa, sua ação foi legitimada pelo insulto da vítima em reagir.
Concluímos que para um agressor obter sucesso em seus atos perversos ele conta com alguns fatores que extrai de suas vítimas que, em essência, denota fragilidade. Ocorre que eles não são e não estão acima do bem e do mal e invulneráveis. Seu ponto fraco é justamente o que o faz parecer forte: a agressividade.
Pense num gatinho passando por cima de um pote de tinta: o que acontece? Ficam engraçadinhas aquelas patinhas marcando o caminho por onde ele anda, não é?
Da mesma forma, nosso canalhinha, vai deixando um rastro de evidências que, se colhidas, de forma correta, o levará a um lugar mais adequado para quem não sabe se comportar socialmente. Vale lembrar, que o gatinho sempre agirá como tal, assim como os canalhinhas farão a mesma coisa: a não ser que sejam coibidos.
raniery.monteiro@gmail.com
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