'Corrupção é endêmica', diz juiz de Campinas
Para Nelson Augusto Bernardes de Souza, titular da 3ª Vara Criminal, magistrado que desmantelou esquema de fraudes em licitações, ‘estrutura penal não faz frente a crime organizado’
Ele mandou prender 20 empresários, servidores públicos e políticos de Campinas, até o vice-prefeito da cidade, Demétrio Vilagra, do PT. "A corrupção no Brasil é endêmica", adverte Nelson Augusto Bernardes de Souza, o juiz que desmantelou organização criminosa para fraudes em licitações e desvios de recursos públicos que podem chegar a R$ 615 milhões.
Aos 40 anos, 15 de toga, três filhos - um menino de 11 anos e gêmeos de dois anos e meio -, casado com juíza, filho de desembargador federal - Nelson Bernardes - ele dirige a 3.ª Vara Criminal de Campinas.
Sua causa é a Justiça, a quem declara paixão e crença. Sua rotina são 6 mil processos e a multidão de réus anônimos e miseráveis - 90% das demandas relativas a roubos e o flagelo das drogas, que atribui a "desajustes, desigualdades sociais".
Seu desafio maior é o poderio do colarinho-branco, enraizado na máquina pública. Não é todo dia que cai em sua mesa uma papelada contra a corrupção. Quando isso se dá, e quando as provas amealhadas pelo Ministério Público o convencem, como agora, inapelavelmente ele manda prender.
No escândalo que assombra Campinas e aponta para nomes próximos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o juiz rompeu costume secular do poder ao qual pertence e deu publicidade à sua decisão, invocando o interesse público. Citou decisão do ministro Otávio de Noronha, do STJ, em caso similar no inquérito 681 da Corte, e sua ordem tornou pública.
Prega um Judiciário forte, bem estruturado. Em meio às vicissitudes do dia a dia de sua missão ele encontra no esporte o prazer. Cultua o tênis e testa sua resistência esquiando nas encostas alvas de Bariloche. É "degustador diletante" de bom vinho. Nelson Augusto Bernardes de Souza recebeu o Estado.
Fausto Macedo, de O Estado de S. Paulo
Corrupção não é privilégio dos brasileiros, não somos nem mais nem menos corruptos que outros povos.
Somos, sim, um país onde os casos de corrupção, na esfera pública ou privada, são detectados somente quando já causou estragos enormes em valores ou danos.
Infelizmente só se chega ao problema através de denúncias de terceiros e não de órgãos especializados como os de auditoria.
É preciso um sistema eficiente de detecção e ação coercitiva que combata o mal pela raiz, a doença no começo, o parasita antes de infectar o hospedeiro.
Onde tem um órgão público, ali há o potencial de um corrupto ou mesmo grupos deles, estarem enriquecendo ilicitamente, seja pelas mais diversas formas ou meios, como o nepotismo, por exemplo, ou em licitações fraudulentas onde a empresa privada que está acordada no esquema é aquela que sempre ganha o contrato, muitas delas se instalando durante anos nas empresa públicas.
Muitos acham que não há problema algum nos esqueminhas aqui e acolá, mas somente saberão a extensão deste mal quando o sentirem na pele, como nos casos de assédio moral desencadeado por indivíduos que vêm em suas vítimas potencial ameaça aos seus esquemas.
Tanto a doença da corrupção quanto seus vermes geradores precisam ser combatidos e exterminados para que a saúde volte a ocupar seu lugar de direito no corpo morimbundo de
empresas infestadas por estas pragas.
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