Pesquisas demonstram cada
vez mais que o stress nos faz adoecer ou pelo menos abre a porta de entrada de
nosso sistema imunológico para as doenças.
Nós somos um sistema
integrado e, portanto, faz todo sentido que se sofremos emocionalmente nosso
corpo reverbere esse estado de alguma forma, e, então, nos deixe vulneráveis a
diversos tipos de doenças. Pode-se dizer que pensamento e sentimento nos
adoecem. Eu iria além e afirmaria que afeta toda a nossa natureza quer seja
física, psicológica ou espiritual.
Alimentar sentimentos
negativos, portanto, apodrece o corpo, pois dissemina uma energia ruim por todo
o nosso ser. Porém, saber disso pode não ser suficiente para que adotemos
medidas mais eficientes de se reagir ao meio, sobretudo ao stress, e, se ele
estiver ligado a uma situação de assédio moral, pior ainda.
Seja qual for a modalidade
de violência psicológica que se passe, não é fácil não se magoar, não ficar com
raiva, ódio e tantos outros sentimentos ruins. Eu, pelo menos, desconheço
alguém que sinta prazer em portá-los já que são a manifestação instintiva de
uma insatisfação ou desprazer ao mesmo tempo não sei de ninguém que seja sangue
de barata para não vivenciá-los. O autocontrole emocional é um poder a ser conquistado.
Assistindo outro dia um
documentário sobre física quântica, chamou-me a atenção, a teoria de que a
realidade (se é que entendi) pode acontecer simultaneamente em dois pontos distintos como se
houvesse duas versões de um mesmo fato ocorrendo ao mesmo tempo. Acontece que
toda vez que se monitora essa realidade o fenômeno desaparece. Dois pensamentos
me sucederam, então: o primeiro é que há pelo menos duas versões de uma mesma
realidade, isto é, dois caminhos possíveis, no mínimo. A segunda é que basta prestarmos
atenção a ela que o fenômeno deixará de se apresentar como anômalo e sofrerá
uma intervenção.
O assédio moral é uma
violência que lesa direitos personalíssimos, com a produção de sofrimento
emocional e que vitimiza quem dele sofre. Decorrente disso, nossos mecanismos
de defesa serão chamados a reagir diante deste processo adaptativo, mas se não
rompermos o ciclo acabaremos adoecendo e isso só fará bem a uma pessoa: o
agressor.
Com isso, não quero dizer
que não se deva lutar contra esse tipo de violência, mas que passado o primeiro
impacto deve-se decidir levantar a cabeça, sacudir a poeira e seguir em frente,
talvez mais forte que antes, porém, seguir adiante. Senão, corre-se o risco de
nunca mais sair desta areia movediça que só nos afundará e terá um efeito autodestrutivo.
Seja qual for o resultado
alcançado nos fóruns, com seus mecanismos formais mergulhados em procedimentos,
a vida tem que continuar, “o show deve continuar”, até porque, não será em uma
sala com advogados, testemunhas e um juiz que se poderá medir a verdadeira dor
emocional que a humilhação do assédio produz. Ganhando ou não a causa, nenhuma
indenização paga ter sua dignidade jogada no lixo por alguém que não serve nem
para isso.
Eu percebi, por minha
experiência, que uma das coisas que um agressor mais deseja é roubar a sua
personalidade, sequestrar o seu sorriso, bom humor ou qualquer outra qualidade
sua- como tranquilidade e autoconfiança pessoais.
Ora, por que dar isso a
ele? Se ele quer gritar, espernear, fazer caretas, ameaçar? Que o faça. Mas,
não pode tirar de mim o que sou. Pode tirar o emprego, mas não leva minha
competência, minha capacidade, inteligência e poder de me reconstruir e
recomeçar. Aliás, quantos casos não há de pessoas que após enfrentarem um revés
descobriram um lado empreendedor que sequer sabiam existir e desenvolveram
negócios ou carreiras muito mais bem sucedidas que antes. Já os miseráveis,
sempre serão o que são: catadores de migalhas e armazenadores de vento.
A conclusão disso, é que
não vale à pena adoecer por causa de determinadas criaturas que vem ao mundo
por uma desafortunada ligação entre seus pais. Servem como mecanismos de nossa
evolução no fim das contas.
Tudo passa a ser, então,
uma questão de ponto de vista ou de ângulo, e, se for como dizem os físicos- que
o universo é matemático- a resposta para esta equação depende da decisão que
tomarmos. Não dá para dizer que será fácil decidir por um ou outro caminho,
mas, no fim, a responsabilidade é somente nossa e de mais ninguém.
Raniery
raniery.monteiro@gmail.com
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