Não é preciso ser gênio
para concluir que a humanidade anda mal das pernas. Basta uma olhada ao seu
redor ou mesmo acompanhar pelos noticiários que a coisa descambou. Todos os
dias ouvimos algo sobre bullying, assédio disso e daquilo, mortes em colégios por psicóticos, homicídio por motivos fúteis etc.
A cultura da violência se instalou
e a vida está banalizada. Em cada esfera da sociedade parece existir um
parasita qualquer tentando levar vantagem sobre os outros e ávido por quebrar
as regras. A consciência moral das pessoas parece ter evaporado de seus
cérebros.
Fico me perguntando todos
os dias o que está acontecendo com as pessoas para estarem assim tão egoístas e
individualistas como se fosse possível alguém viver só sem precisar da
comunidade de forma geral.
O culto ao narcisismo que
vemos incentivado pelas principais mídias que exploram desejos emocionais das
pessoas em função da venda de seus produtos a dezenas de anos vem inculcando em
suas mentes que são os centros do universo.
Os pais se sentem culpados
por educar seus filhos e corrigi-los como se isso fosse um crime. Em grande
parte há a culpa dos avós que acham bonito dizer que existem para estragar os netos, e, estranhamente há um consenso social em relação a esta postura absurda
que cria futuros monstros inadaptáveis ao corpo social.
O cidadão cresce e se
desenvolve achando que tudo gira ao seu redor e que todos devem tratá-lo como o
bebê da mamãe e da vovó senão ele dará seu pequeno show numa explosão de “siricuticos”
desmedidos. Não há limites. Os seres chantagistas são vistos com dozinha e não
podem ser contrariados em hipótese alguma senão a vovó e o vovô ficarão
magoadinhos, afinal são os mestres no ensino da arte da chantagem, não é?
Falando dos avós, muitos
estão convictos que dominaram o conhecimento do universo e que são detentores
da verdade e de forma egoísta passam a interferir (estragar) na educação que os
pais estão dando a seus filhos. É curioso notar que os mesmos já tiveram sua
vez de educadores e querem impor sua visão de mundo passando por cima de quem
de fato é o responsável por isso. Em seu momento acertaram e erraram, mas
insistem em interferir na educação dos netos, e, realmente os desandam
propiciando o surgimento de pequenos tiranos que fazem os pais passar vergonha
por onde andam.
Complicado, viu! Conviver
com essas pessoas é uma das coisas mais difíceis que se tem, pois não andam
pela lógica, razão ou bom senso, mas pelo que dá nas suas “telhas”. Acreditam
mesmo que todos devem se submeter a eles. São verdadeiros parasitas sociais. Não
dão valor a nada e acreditam que tudo lhes é devido.
Os mimadinhos bonitinhos e
fofinhos da vovó serão os agressores morais e físicos de amanhã, ou o inverso,
serão as vítimas destes. Seja como for não estarão preparados para enfrentar o
mundo como ele é. Serão causadores de transtornos ou seus alvos.
Se as pessoas sentem
dificuldade em entender conceitos humanos de sociedade deveriam se espelhar na
natureza que está repleta de exemplos em que determinadas espécies se tornaram
bem sucedidas por viver em grupos, o que é o nosso caso. Incrivelmente decidimos contrariar nossa
natureza e nadar contra a maré evolucionária nos tornando narcisistas
compulsivos.
Não é a toa que ficamos
perplexos pela degradação humana vivenciada nos últimos tempos. Talvez a
sociedade precise rever seus conceitos, ressuscitar antigos valores e princípios
sadios, descartando qualquer falsa moralidade de outrora. Em hipótese aqui eu
me refiro a destruir a autoestima, mas cultivá-la equilibradamente colocando-a
em seu devido lugar.
Neste ritmo a sociedade
individualista pode muito bem estar se condenando à extinção, o que não deixa
de ser um paradoxo já que não há sociedade de individuais, mas de indivíduos,
ou melhor, de cidadãos, o que me leva a pensar no conceito de cidadania.
Precisamos acordar
sociedade!
Leia também: Geração Narcisista e Máscaras do Ego
raniery.monteiro@gmail.com
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