A realidade nem sempre é o
que aparenta. De perto, todos nós temos lá, os nossos defeitos, imperfeições e
fraquezas- afinal, somos humanos. E não
é só por isso. Aquilo que pensamos ser a realidade não passa de interpretações
que fazemos da mesma, ou seja, cada pessoa enxerga o mundo à sua maneira.
Pintamos um quadro mental do que pensamos ser o mundo.
Então, poderíamos
concluir, que o que vemos é uma espécie de ilusão. Pode ser. Ainda mais se
tirarmos conclusões apressadas, somente pela preguiça de observar, mais de
perto, como tudo acontece.
Baseado nesse princípio,
pessoas desajustadas internamente, quando se sentindo ameaçadas por outras,
usam da comunicação perversa para manipular o grupo, com quem convivem, em prol
de seus benefícios.
Seu jogo se baseia na
intriga, disseminação da discórdia, indução da dúvida, estímulo de medos e
ansiedades bombardeando os centros controladores dos mecanismos de defesa das
pessoas. Dessa forma elas conseguem se livrar daqueles que as levam a se sentir
ameaçadas.
É por isso que todo
processo de assédio moral, via de regra, começa de forma velada e
imperceptível. Até porque, o agressor não quer ser visto como tal, muito pelo
contrário, se fará de vítima para acender nas pessoas seus instintos de
compaixão e angariar solidariedade e apoio.
Todo o seu trabalho
consiste em implantar nas mentes dos outros uma imagem negativa de quem estiver
sob sua mira. É um processo envolvente que pretende desativar qualquer freio
moral da pessoa de que se busca apoio ou aliança. Essa é a mecânica da coisa.
Se você vive neste planeta,
já se cansou de ver isto acontecer. Na escola, dentro de casa, entre colegas,
etc. Mas, quando isso invade espaços onde os prejuízos e os danos serão maiores
ganha contornos dramáticos e de alto poder ofensivo.
Não é novidade que o
capitalismo tem predileção por exclusão e nutre interesse por pessoas
egocêntricas e egoístas, cujos interesses são buscados a qualquer custo. Muito
melhor se for o alheio. E assim vamos caminhando como uma sociedade
canibalista. Não devoramos a carne, mas a alma ou o espírito de nossos
semelhantes a quem enxergamos como adversários.
Todos querem ser o nº 1,
mas por uma questão de inadequação matemática isto é impossível, ainda mais, se
tivermos pela frente alguém mais preparado que nós. Seja como for, e o que for
preciso fazer, chegaremos lá, ainda que tenhamos que derrubar aquele que ousou
querer o mesmo que nós. Perceba, então,
que para assediar e coçar, é só começar.
Agora, se neste drama você
quiser apimentar mais as coisas, permita que um sociopata adentre o mesmo local
de trabalho e terá os ingredientes para os melhores filmes de terror e suspense
ou até de ficção científica, pois, predador não faltará.
Por isso, o melhor é reagir o quanto antes e
dar ouvidos aquela vozinha interior que chamamos de intuição dizendo a todo
instante que algo não cheira bem. Outra coisa que ajuda bastante é saber que
não é por que alguém sorri, fala manso, e dá tapinhas em nossas costas que é um
anjo. Só se for anjo caído.
Manter a comunicação com o
grupo também é importante, pois se isolar só facilita o trabalho do agressor.
Ademais, ainda que as pessoas estejam hostis, em algum momento verão as
inconsistências das mentiras em relação às suas condutas e postura. Também não
é preciso ficar implorando a aceitação de ninguém, até por que o ser humano e
as ondas do mar obedecem as mesmas leis: vão e voltam com a direção do vento.
Eu acredito que manter-se
íntegro é a melhor arma de ataque e defesa diante de seres medíocres. Ora, se
determinada empresa apoia gente deste tipo é porque ela nem merece ter pessoal
de qualidade por lá. Nenhum emprego vale se rastejar bajulando uma imundície ou
perder a dignidade por causa de desajustados antissociais.
Apesar de ser um processo
erosivo, o assédio moral, pode fazer brotar o melhor ou o pior dentro de você.
Eu penso que as pessoas de boa índole não deveriam se nivelar por causa de um
agressor. Muitas vezes é exatamente o que ele quer para ascender até o patamar
daquela pessoa, ao dizer que ela, é como ele. Por outro lado, é perfeitamente
compreensível que, diante de tal acosso, alguém venha a perder a cabeça (levado
por forte emoção) e desandar safanões em pessoas miseráveis como essas. Eu,
particularmente, sou adepto do autocontrole, pois, descobri que é muito mais
irritante para os assediadores. E o que os irrita, me deixa feliz.
Quem sabe o universo não
esteja dialogando com você e te mostrando outros caminhos como montar seu
próprio negócio, por exemplo. O mundo mudou. As relações de trabalho se
dinamizam diante de nossos olhos, aliás, no piscar deles. Alguns colegas meus,
por exemplo, prestaram outros concursos e foram para lugares muito melhores.
Tem hora que é preciso arriscar. Calculando os riscos e pesando os prós e
contras, é claro, mas evoluir. Quem é competente não teme o futuro, mas o cria.
Seja como for, o
importante é não perder nossa essência, ou, deixar de sonhar, de traçar
objetivos, pois ainda que se perca uma batalha não significa que se perdeu a
guerra, que é para a vida toda. Portanto, tracemos nosso mapa da vida colocando
nele o melhor de nós mesmos. Ainda que não reflita, necessariamente, a
realidade, pelo menos gerará um norte a ser perseguido.
A realidade, somos nós que
fazemos.
raniery.monteiro@gmail.com
Comentários
Postar um comentário