Os irmãos Bloom (Adrien Brody) e Stephen (Mark Ruffalo) aperfeiçoaram seus golpes ao longo de anos de trabalho. Entretanto Bloom está cansado e procura por um golpe que permita que se aposente. É quando conhece Penelope (Rachel Weisz), uma solteira entediada de Nova Jersey que é também herdeira de uma fortuna. Bloom e Penelope logo se envolvem, o que faz com que ela entre para o bando dos irmãos. O trio e ainda Bang Bang (Rinko Kinkuchi), uma sexy japonesa perita em explosivos, parte para a Grécia. Convencida de que vive a aventura de sua vida, Penelope oferece aos demais o financiamento de um negócio milionário.
A diferença dos filmes que glamorizam os protagonistas, na vida real a coisa é muito diferente já que a prática de estelionato é considerada crime.
Desde os tempos mais remotos da vida do homem existem pessoas que se dedicam à atividades fraudulentas, armadilhas, sistemas e esquemas para enganar, roubar ou passar o seu próximo para trás: são os chamados espertões, ou malandros como quiser.
O segredo básico destas atividades é explorar a natural ganância destas pessoas que procuram obter vantagens sem a competência ou o esforço inerentes e de forma igual à todos. Não! Eles são melhores que os outros porque fariam isso?
Outro dia assistindo um documentário comecei a me divertir com as peripécias de um gatinho brincando com um novelo de lã. Desde cedo eles passam a exploram o ambiente e suas habilidades. Desta forma ele jabeava pra lá e pra cá o linho como um lutador de boxe dentro dos ringues. Acontece que em determinado momento ele ficou todo emaranhado e não conseguia mais se mover já que estava preso.
Imediatamente me veio à mente a analogia com aquelas pessoas que adoram brincar com o perigo e se envolvem com todo tipo de gente estranha e situações obscuras. Acham-se espertas, mas acabam cavando a própria cova.
Todos nós possuímos fraquezas e potencial pra praticar qualquer ato desabonador, mas se você for como a média das pessoas, em determinado momento, baterá aquela culpa e uma baita dor na consciência, e, então, vem o arrependimento. Com consequências, é verdade. Nem sempre reversíveis, eu sei. Talvez esteja aí o segredo da mudança em nossos comportamentos e o surgimento do amadurecimento em nossas vidas, pois temos que prosseguir.
Por outro lado, vemos nos espertalhões esta incapacidade de se auto avaliar e mensurar a realidade já que movidos por aquela ganância interior acabam sendo “presas” fáceis, atraídos pelos painéis de neón de oportunidades fantásticas. Muitas vezes disponibilizadas como iscas por pessoas inescrupulosas que os usarão para os seus fins nefastos.
Incrivelmente, colocam-se nas mãos de gente traiçoeira e peçonhenta acreditando que estarão imunes ou blindados por estas. Não conseguem sequer enxergar o erro básico que cometeram já que não se pode confiar em quem não possui a lealdade como característica de caráter em sua formação.
Um raciocínio simples basta pra que se perceba o perigo de confiar em pessoas de índole duvidosa. Pense num ladrão. Agora pense em alguém que mentiu. Responda: qual é a diferença entre o ladrão e aquele mentiroso? Nem todo mentiroso será um ladrão, mas todo ladrão forçosamente é um mentiroso- é da natureza da atividade. Logo, se vivo em ambientes onde se proliferam este tipo de pessoa e me agrego a elas como posso bater no peito e dizer que estou “garantido”?
Vamos, então, pegar uma pessoa gananciosa e colocá-la em um ambiente corrupto/ corruptor e apresentá- la a um perverso instalado no local. Pronto. Tem-se a equação perfeita pra toda sorte de sujeiras se desenvolverem. E o melhor (para o perverso) as pessoas certas pra caírem quando a fossa vir à tona. Eles entendem ingenuidade como alimento e devoram nossos pequenos malandrinhos que brincam com novelos de lã. Aliás, eles são o novelo.
Mas há outro grupo de pessoas que aparentam não ser muito hábeis. Na verdade são tidas como idiotas e subestimadas o tempo todo. Por possuírem um natural estado de atenção, permitem que as reações comportamentais natas os livrem das armadilhas e dos peçonhentos.
Como não saem de seu lugar seguro não se fascinam pelas placas de néon; como não se misturam com outros que não sejam de sua espécie, dificilmente são devorados e são de difícil captura. Evidentemente que elas não passam a vida tentando passar seu próximo para trás pra depois contar vantagens por aí, mas também não serão vistas em pânico quando o cerco se fechar e as consequências sobrevierem.
Os cautelosos não se preocupam em viver na impunidade já que contam com a competência pra conquistar seus objetivos, diferentemente do medíocre que utiliza destes expedientes acreditando que se dará bem.
O malandro pensa: “nunca deu errado estes anos todos”. Fica cada vez mais auto confiante e menos cuidadoso, até que um dia num vacilo, se expõe. Uma única burrada, uma distração e POW! A marreta desce sem dó e nem piedade. Vale lembrar que no processo, nosso amigo deixa um monte de gente indignada por ter sido deixada pra trás e ter sido feita de trouxa. A primeira coisa que elas lembram é do fanfarrão que faz questão de mostrar o que conseguiu sem ter feito por merecer e ainda, não contente, contou vantagem sobre os demais. Neste instante, ele acaba de ficar na mira, no alvo: é só puxar o gatilho.
Dias desses venho assistindo de camarote o desespero de um monte de espertos que estão vendo seu castelo cair. Inacreditavelmente eles estão se garantindo justamente em quem irá empurrá-los pro abismo, isso se não for junto. Isto sim, é que é esperteza!
Já faz um tempo que venho chamando a atenção para uma conta cujo resultado final é o assédio moral, pelo menos em empresas públicas. Some corrupção + psicopatia = violência moral. Muitas vezes, o que está por trás de uma situação é bem maior que ela em si. È só a ponta de um iceberg.
E o gatinho do documentário, o que aconteceu? Ele cresceu, ficou esperto e nunca mais caiu na armadilha do novelo de lã. Tanto que é considerado um dos animais mais bem adaptados e bem sucedidos do planeta cuja característica principal é contar com a cautela em suas incursões mundo afora.
Leia:Manual das Fraudes
Crimes praticados por funcionários contra a administração pública
Improbidade Administrativa
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raniery.monteiro@gmail.com
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