Somos uma sociedade desigual apesar de todos os avanços científicos e sociais alcançados, sobretudo nos últimos 60 anos.
Desde a revolução francesa o mundo vem sofrendo transformações significativas começando pela queda dos sistemas absolutistas com seus privilégios à nobreza e ao clero. Pela primeira vez direitos sociais passam a figurar entre aqueles que deveriam ser respeitados e uma certa autonomia foi dada ao povo. Acontece que foi a burguesia que conduziu todo esse processo obviamente pra se instalar no poder. As idéias burguesas e capitalistas foram implementadas naquele período.
Com o capitalismo surge a chamada revolução industrial e péssimas relações de trabalho já que as fábricas apresentavam ambientes precários e condições piores ainda. Os salários eram baixos e até trabalho infantil era empregado. A carga horária era de cerca de 18 horas e os empregados estavam sujeitos a castigos físicos pelos patrões. Não se falava em direitos trabalhistas. Era o paraíso e o santo Graal de todo assediador moral.
Com todo esse "boom" tecnológico e a necessidade da tomada de mercados a coisa ficou feia e guerras foram deflagradas com mais respectivo progresso nas pesquisas científicas e na medicina. Ironicamente o homem que mata passa a viver mais. O preço? A instabilidade mundial. Nossa sociedade passou a conviver com o caos- desintegração social, violência urbana, degradação ambiental etc.
Nos tornamos a sociedade de consumo. Individualista, egocêntrica, narcisista e que passa a gradualmente incorporar características psicopáticas em seu tecido social. Banalizamos a vida e tudo o que lhe diz respeito, incluindo os direitos e garantias individuais, o que não deixa de ser uma ironia.
Nessa filosofia, os fins justificam os meios. É a sociedade do vale tudo, e, o que é melhor: sem regras. Vale assediar, humilhar, violar, descartar, desprezar, ignorar...Neste ambiente, corrupção, fraude, violência física/moral/sexual, xenofobia, homofobia, intolerância, crimes de ódio e racial tornaram um estilo de vida aceitável. É a degradação humana levada às últimas consequências. Em nome da competitividade pode- se lançar mão de todo e qualquer subterfúgio, pois é justificado. A pergunta que se faz é: onde iremos parar?
A sociedade então adoeceu. Por conta destes mecanismos perversos, milhões passaram a desenvolver todo tipo de doença emocional: depressão, ansiedade, stress pós traumático, síndrome do pânico, entre outras. Sem contar com doenças decorrentes deste estado como gastrites, úlceras, obesidade, cardíacas, canceres etc.
A frieza tornou- se regra nas interações sociais. Sendo assim, não é de admirar a explosão de ações judiciais por toda sorte de dano, sobretudo moral. É uma linha de produção que culmina com " moedores de carne" que fragmentam pessoas em seu estágio final.
Este sistema atinge a sociedade como um todo e ficamos perplexos quando até crianças e adolescentes reproduzem violência, perversão e crueldades sem paralelos em nossa história. Desintegraram até a inocência.
O mais absurdo são as soluções apresentadas que não atacam a causa, mas o efeito. Por exemplo: se em determinado lugar o problema é o bullying, a vítima que mude de escola; se é o assédio moral nas empresas, que troque de emprego; se batem no homosexual, que ele se converta e deixe disso. É como se tentassem nos convencer a acreditar que é o rabo que balança o cachorro. Tem hora que eu não sei se é pra rir ou sentar a porrada. Pior de tudo é que, quem vem com estas soluções acredita que está convencendo você, subestimando a sua inteligência na maior "cara de pau".
De qualquer forma é a própria sociedade que deve decidir o que quer. Relacionar-se com a permissividade é assinar cheque em branco que depois não dará direito de reclamação pelo dano causado. A resistência é o caminho natural contra toda forma de arbítrio ou abuso. A inércia é convite ao saque. A ingenuidade e a passividade serão punidas severamente pelos perversos.
"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta". Albert Einstein.
raniery.monteiro@gmail.com
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