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Relatos de violência psicológica


L.C.M.


Participar de um Concurso Público Municipal é sempre algo desafiador, ser aprovado, motivo de orgulho e satisfação. Então quando em 2002 fui aprovada e nomeada para assumir um cargo público, senti-me muito feliz, pois assim poderia por em prática todas as coisas para as quais eu havia me preparado durante todos os anos de faculdade. Até o meu Trabalho de Conclusão do Curso, desenvolvi no Sistema Público de Saúde.


Fui designada então para um determinado “Distrito Sanitário”. Por conhecidência e falta de sorte minha, a responsável por esta unidade para a qual fui lotada, me conhecia anteriormente, e por questão de orgulho ferido, nutria algum tipo de desagrado ou despeito por mim.


Não foi preciso muito tempo para começar a sentir os efeitos mesquinhos de tais sentimentos.


Em curto prazo de tempo, fui transferida para TODAS  as Unidades de Saúde pertencentes a aquele Distrito Sanitário. A sua falta de respeito por mim se tornava cada vez mais clara, e o seu desejo de me prejudicar mais evidente.


Fui informada posteriormente por uma pessoa que inclusive, veio a ser minha testemunha dos fatos, que em todas as reuniões com as responsáveis pelas Unidades de Saúde o meu nome era citado de forma pejorativa, como se eu fosse uma peça de leilão: “... quem quer ficar com “ela”?


No decorrer dos dois anos que estive lotada naquele Distrito Sanitário protocolei vários pedidos de transferência para outro Distrito, e só recebia negativas, sem nenhuma justificativa formal.


No meu desespero para conseguir trabalhar de forma honrada, e conseguir por em prática todos os meus conhecimentos, fui pessoalmente ao RH pedir transferência, mas a responsável pelo Distrito Sanitário fora “advertida” a meu respeito. Então, além de não conseguir ser transferida, ainda fui repreendida pela minha algoz, que não admitia o fato de que eu tivesse solicitado transferência.


Como entender a lógica de mentes assediadoras? Ela tenta “leiloar-me”, disponibilizando-me como se eu fosse um sapato apertado e sem utilidade, mas quando quero ir, por livre e espontânea vontade, o meu desejo é negado sem nenhuma justificativa.   Assim ela buscava alcançar sua meta de tornar a minha vida e trabalho impossíveis.


As coisas foram tornando-se cada vez mais difíceis, o meu isolamento aumentava a cada dia.  Eu era proibida de manter contato com os colegas, fossem eles do mesmo nível hierárquico, superior ou inferior. Os colegas, também eram proibidos de manter contato pessoal ou profissional comigo, o que tornava os meus dias muito penosos.


Na tentativa de me sentir incluída em “algum lugar do mundo” comecei a frequentar o Sindicato de Funcionários Públicos Municipais.


Na mesma época a responsável pelo Distrito em que eu estava lotada, começou a participar das Avaliações do Estágio Probatório (período de adaptação em que o servidor público tem o seu desempenho avaliado para determinar a efetivação ou não, ao cargo para o qual foi nomeado).


Durante o período em que trabalhei, eu era transferida em média a cada dois meses, e a minha avaliação do Estágio Probatório só era feita após a minha saída das unidades.


As avaliações acontecem semestralmente, com isso, no momento da avaliação do meu Estágio Probatório, eu já tinha passado por duas ou três unidades de Saúde do Distrito que estava lotada e nunca consegui transferência para outros Distritos como eu desejava.


Mas como eu poderia ter o meu desempenho, adaptação, responsabilidade, organização, qualidade do trabalho, relacionamento, racionalização, etc. avaliados, sem ao menos ter tempo para conhecer o território, identificar as necessidades da população, desenvolver estratégias ou construir vínculos, fossem eles no âmbito pessoal ou profissional?


Tecnicamente, ela nunca poderia estar presente, porque na avaliação, as pessoas presentes deveriam ser: um responsável direto, um representante do RH e o profissional a ser avaliado.


Uma pessoa dos meus contatos relatou todo o assédio e sofrimento pelo qual eu passava a um Deputado Estadual. Fui aconselhada então, a procurar ajuda Judicial.


Logo depois, este mesmo Deputado tornou-se o Secretário de Saúde do Município. Imaginei que desta vez o meu sofrimento teria fim. Entretanto, o Assédio Moral pelo qual eu passava, continuou sendo ignorado por aquele que poderia ter-me ajudado.


Eu que sempre fui uma pessoa de hábitos moderados, engordei 20K durante os dois anos em que sofri todas essas agressões.


Acabei por sofrer um processo administrativo, fui acusada sem provas de atitudes ridículas, absurdas e até imorais.


O Procurador, em defesa do município, argumentou que eu não apresentava nenhuma evidência que sugerisse “dano moral”, entretanto, os laudos médicos que me consideravam: “apta sem restrições” eram sempre questionados. Algumas vezes o médico chegou a sorrir e se desculpar comigo pelo ridículo da situação.


O Procurador então solicitou uma sindicância para apurar os fatos.


Mesmo com os meus relatos, as testemunhas e as provas apresentadas, fui exonerada e saí literalmente pela porta dos fundos da Unidade de Saúde.


Apesar de tantos abusos e mudanças, eu amava o meu trabalho, ou melhor, amava o que sonhei que seria o meu trabalho e desejei com todas as minhas forças desenvolver um trabalho digno para a população que deveria receber os meus cuidados.


Fui questionada há pouco tempo por este blog, sobre quis eram os meus sentimentos em relação a tudo pelo que passei. Concluo que não teria as palavras adequadas, mesmo que usasse um dicionário inteiro pra explicar. Mesmo assim resolvi tentar: Sinto os meus sonhos, a minha segurança, minha saúde física e psíquica violados. Percebo com mais clareza do que nunca, o quanto fui ferida e desestabilizada.


E quanto mais penso nisso, mais tomo consciência dos danos e do assédio moral que sofri. 


Sei que tudo que perdi é irrecuperável, mas também sei, que em momento algum posso me permitir perder a esperança.



Sra. XXX,


Hoje completo um mês de retorno ao trabalho e estou tomando a liberdade de escrever relatando alguns fatos que considerei relevantes no decorrer desses dias. Eu os havia escrito de forma isolada, na época em que ocorreram, mas estou optando por agrupá-los na mesma missiva para facilitar a leitura.



No dia em que cheguei, não havia nenhuma instrução para mim, e não encontrei nenhum colega de função. Os presentes me receberam com alegria, abraços e muitas demonstrações de carinho. Por saber que o funcionário H havia sido transferido, todos me perguntavam se eu iria ficar com a equipe dele, e eu respondia que achava que sim, pois o RH me havia comunicado que eu seria mudada de equipe.

Estava em uma sala conversando, quando uma funcionária chegou perguntando se era eu a pessoa responsável pelo atendimento da demanda expontânea, ao que respondi que estava “boiando”, pois não tinha escala e não sabia o que queriam que eu fizesse, mas que eu poderia ir sim, sem nenhum problema.

Quando eu estava atendendo, uma segunda pessoa, funcionária do RH interno, veio me dizer que a chefe havia ligado e pedido que eu esperasse por ela, pois quando chegasse, faria uma reunião comigo. Acabei os atendimentos e fui ao banheiro. Quando estava lá, ouvi alguém me chamando. Era a funcionária do RH, dizendo que a gerente já havia chegado e estava me aguardando.

Ao entrar na sala encontrei “O” e uma Supervisora a quem chamarei de “U”.

Ambas me receberam com um “Bom dia”.

“U” me perguntou se eu tinha algo a dizer, e eu respondi que não; que quando cheguei não havia encontrado ninguém, e que havia sido chamada para um atendimento.

“O”, então, falou, em tom pouco amigável: “Mas eu tinha falado pra você esperar”.

“U” então começou a falar:

“Nós entendemos que é um direito seu voltar pra cá, mas tem algumas coisas que precisamos lhe falar. TUDO que você for fazer e mudar, você tem que falar com a gerente. Ela tem que saber o que está acontecendo. Porque se alguém vem perguntar pra ela alguma coisa, que ela não sabe... Como assim ela não sabe? Embora tudo isso tenha acontecido, a gente não vai dar um tratamento especial a você. Não é porque você fez ouvidoria, que a gente vai falar: “ah não, coitadinha...” Então se você tiver alguma dúvida, você fala com a gente. Porque “a coisa” não aconteceu do jeito que a gente achou que seria... e as pessoas tiveram oportunidade de falar o que queriam. 

Penso em todos os desabafos que ouvi naqueles dias, e da tal “oportunidade de falar”, e fico pensando, o que realmente eles esperavam encontrar: pedaços de corpos mutilados pelo chão?
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Fonte: assediados


Deatris Pereira
Professora

Gostaria de está relatando história melhores com final feliz, jamais imaginei acontecer comigo, ainda mais numa cidade praiana e tranqüila.
Tudo era alegria, tranqüilidade, felicidade, mas no ano de 2000 minha vida mudaria por completo. Professora de Ensino Infantil e I, com uma alegria e experiência e amor por minha profissão, fui brutalmente rejeitada e discriminada por uma diretora, que acabara de se efetivar e mantinha laços políticos com os assediadores.
Minha vida viraria um inferno, e minha saúde seria comprometida para o resto de minha vida. Ridicularização, piadinhas, rejeição ao meu trabalho e de meus alunos, o que mais doía é que todos percebiam e nada faziam.
Ao invés de manter distância e obedecê-la, fiz o contrário: revidava e o que ela queria deu certo. Aos poucos todos se afastaram. Na prefeitura todos acreditavam nela, pois nossa convivência tornará-se insuportável.
Lecionava de manhã e de tarde e à noite ia pra faculdade. Realizava muitas tarefas e pouco tempo pra descanso e lazer e em dezembro de 2001, explodi e fui parar na psiquiatria- ódio revolta e choro.
Ninguém me ouvia, eu era a errada!Então entrei numa depressão e síndrome do pânico, não queria mais ir a escola e os remédios só me deixavam mais alterada.
Não queria ver ninguém,não me arrumava, era resistente nas terapias, brigava com filhos e marido.
Tornei-me insuportável, não saia de casa, cheguei a pesar 85 quilos.
Mas o tempo foi passando, retornei aos poucos a vida de professora, quando tinha recaídas retornava as licenças e aos remédios. A maior ajuda eu encontrei na família e na religião, meus médicos me auxiliaram também. Mas sem apoio da família e amigos não teria tido forças e coragem pra enfrentar algo mais terrível que viria acontecer no final de 2006.
Ligações políticas exigiriam minha saída da municipalização (explicações detalhadas não tenho), mas amigos do mesmo setor sofreram perseguições e descrédito em seu trabalho, não agüentando pediram exoneração ou para sair da parceria. Eu resisti e paguei caro.
Chamada na véspera da atribuição de aulas para 2007 recebeu a punhalada certeira - "Você está fora da municipalização e não poderemos fazer mais nada!" O mundo desabava sobre mim...
A idéia de suicídio foi a primeira coisa que me veio à mente, mas fui mais forte e fui a praia e chorei tudo que podia e decidi enfrentá-los!
Depois de tudo isso entrei com processos na justiça por assédio moral....que, acabou como na maioria, fiz acordo e arquivaram, mas o prefeito não cumpriu o que o juiz pediu.
A denúncia que fiz a SEE até hoje não saiu do papel, e as outras estâncias foram favoráveis ao prefeito Forssell e arquivaram.
Mas não desisti, agora tento o pedido de aposentadoria, o Estado negou todas minhas licenças e fui prejudicada na minha vida funcional e me mantenho em sala de aula, pois a injustiça nesse país é muito grande.
Você precisa morrer pra provar que estava dizendo a verdade, trabalho a base de Deus, aos remédios, amor a profissão e na esperança que eles reconheçam o mal que o assédio moral faz a pessoa, mata, acaba, destrói consome, é um infeliz quem trata o ser humano dessa forma e, o pior é que quem vê não aceita depor. Mal sabe que poderá ser o próximo!



Amaury
Oficial Superior das Forças Armadas

Sou um Oficial Superior, e desde 2004 venho sofrendo perseguição de um Oficial General.
Tudo começou quando, em função do cargo que exercia, não permiti que praças da graduação de Cabo, integrantes do gabinete daquele Oficial General, ocupassem PNR destinados a Sargentos.
Algum tempo depois, o Oficial General fez-me uma severa advertência referente ao controle do material recebido por doação da Receita Federal, insinuando que o controle estava deficiente, ao que lhe respondi que não tinha havido ainda tempo hábil para que se implementasse o controle da forma que me havia sido determinado.
Em menos de dois meses, fui surpreendido com uma movimentação de São Paulo para o Rio de Janeiro, no meio do ano de 2004, o que me obrigou a interromper curso de Análise de Sistemas, com bolsa integral solicitada pela própria OM, para atender às necessidades do serviço, e disse-me o Oficial general que a movimentação era por "interesse do serviço".
Já no Rio de Janeiro, fui cobrado informalmente diversas vezes de contas referentes ao PNR que eu ocupava, até quando aquelas contas não me competiam; mas as paguei assim mes-mo, a fim de evitar transtornos. Seis meses depois de entregue o PNR, fui cobrado de um tanque que havia retirado, por encontrar-se em péssimo estado, ao que paguei para evitar problemas, pois como Ordenador de Despesas eu tinha competência suficiente para ordenar tal retirada, e só não fiz a reposição por falta de tempo, devido a minha repentina movimentação.
Um ano depois, fui cobrado por ofício, assinado pelo Oficial General, de uma conta de tele-fone emitida em data posterior a da minha entrega do PNR, sendo determinado um prazo para pagar uma conta que nunca me tinha sido enviado, e cuja responsabilidade não mais me cabia.
Em 2006, logo após eu ter sido promovido ao último posto de Oficial Superior, por mereci-mento, aquele Oficial General passou a integrar a CPO (Comissão de Promoção de Oficiais) e, mesmo sem nenhum registro negativo de qualquer espécie nos meus assentamentos, deixei de ser selecionado para fazer curso sem qual me são fechadas todas as perspectivas da carreira.
Apresentei requerimento ao Comandante da minha Força Armada, onde descrevi todas as minhas realizações, constantes nos meus assentamentos, onde são registrados os agrade-cimentos de diversas autoridades com quem servi. Angariei ainda os pareceres positivos do meu atual Comandante, e do ComImSup, também Oficial General.
Mas o relator da CPO que produziu o documento para assessorar o Comandante da minha Força Armada foi aquele mesmo Oficial General que me persegue, que após fazer uma análise sumária da minha posição nos Mapas de Carreira, o que pouco ou nada tem a ver com a minha não seleção, disse que meu recurso carecia de sustentação, e sugeriu que meu requerimento fosse indeferido, o que de fato ocorreu.
É interessante notar que com aqueles mesmos mapas eu havia sido promovido um mês antes, por merecimento.
Não acredito que uma simples voz possa destruir meus sonhos e minha dignidade forma tão implacável!



Fernanda
Funcionária de escritório

Fernanda trabalhava em um escritório de contabilidade há três anos quando houve uma mudança nas cadeiras de chefia e ela ficou subordinada a um novo chefe, que logo nos primeiros dias já demonstrou pouca simpatia pela funcionária. Por ter que mantê-la na equipe por algum motivo desconhecido, acabou deixando-a de escanteio nas atividades, não lhe delegando tarefas e muitas vezes agindo como se ela sequer estivesse ali. E o que parecia apenas uma implicância de chefe chato, acabou se transformando em um tormento sem fim. Até que ela pediu demissão.
“No início eu não cheguei a me incomodar, mas depois fui me sentindo muito mal porque era como se eu estivesse ali só porque não podiam se livrar de mim de outro jeito, como se meu emprego fosse apenas um favor que estavam me fazendo. Depois de algum tempo, fiquei deprimida porque comecei a acreditar que realmente era incapaz”


Sandra
Auxiliar de Enfermagem

"Janeiro foi um mês fora de série: minha chefa entrou de férias. Durante trinta dias, fiquei livre dos seus insultos e ameaças. Foi o mês mais calmo que tive no trabalho até hoje. Eu sou auxiliar de enfermagem em uma Unidade Básica de Saúde e sofro todo tipo de pressão psicológica diariamente. Minha superior gosta de me humilhar em público falando em alto e bom que eu sou encrenqueira, que não sei trabalhar em equipe, entre outras coisas. Se lhe
peço algum tipo de orientação profissional, ela reclama: 'Ah, lá vem você de novo! '.
Pensei em conversar com ela algumas vezes, mas acabei me calando. Em certa ocasião, sugeri levar o caso ao diretor e ela me acusou de estar ameaçando-a. Fez um escândalo na frente dos outros os funcionários, criando um enorme constrangimento. Desde que comecei a trabalhar com ela, choro à toa, tenho dores de cabeça e sinto uma tensão muscular tão forte que parece que tomei uma surra. Já cheguei a falsificar um atestado médico pra não ter que ir trabalhar. “Pretendo ser transferida da unidade o quanto antes.”


Luciana
Jornalista

"O autor do assédio moral não age como um raivoso e corajoso tubarão, que estraçalha suas vítimas e causa espanto na platéia. É sofisticado e covarde como um vírus, destrói suas células, corrói seus ossos e, quando você menos percebe, está morto em vida. O mentor não quer aplausos. Quer consciente ou não, que o outro cometa a autofagia. Atua atrás das cortinas. Vê da fresta a vítima cair em cena.
Sem metáforas, há uns seis anos, senti isso na minha psique e no meu corpo. O método de ação é simples: pedir o quase impossível e, mesmo se realizado, tratar como banal. É como se os músculos reagissem e o esforço não movesse sequer o ar. Poucos conseguem perceber a presença do vírus. Culpa a si pelo fracasso. A metamorfose dura meses e, no fim, nasce um profissional incompetente e descartável pronto para pedir demissão ou ser demitido.
Para quem pratica o assédio, isso não é o fundamental. O importante é que o processo seja interpretado pela platéia e pelo ator como natural. Não há um antídoto. E o mais perverso é que 'o sair da empresa' não é a conseqüência mais grave desse ataque. As seqüelas na autoconfiança são profundas. O assédio moral é a porta de entrada para poço sem fundo da depressão.
Talvez uma ação na Justiça possa, se a causa for ganha, aliviar a conta com o analista e/ou com a farmácia. “É pouco para quem deixou de existir por um período e vai precisar da ajuda do tempo para voltar a ser o que já foi.”


Denise
Servidora Pública

"Trabalho há dez anos como servidora pública e durante seis anos sofri nas mãos do meu chefe. Perdi as contas de quantas vezes fui humilhada, perseguida, ameaçada e desrespeitada. Minhas opiniões eram sempre menosprezadas; reuniões eram marcadas sem que eu tivesse conhecimento prévio da pauta de discussões; maledicência com o meu nome e uso de termos chulos eram freqüentes. Inúmeras vezes tive que engolir um 'o que você está pensando? ' seguido de 'quem manda aqui sou eu'.
Depois de ser caluniada e difamada, fui penalizada com uma transferência para uma unidade que ficava a quase duas horas da minha casa (antes eu levava dez minutos para chegar ao trabalho). Minha vaga foi ocupada por uma pessoa que, apesar de menos competente, era amiga do chefe. Fui rebaixada de cargo, fiquei na geladeira e minha pasta foi praticamente esvaziada. Busquei, em vão, o apoio do chefe-geral. Mas ele sugeriu, em outras palavras, que a incomodada se retirasse.
Minha auto-estima foi à zero. Senti-me um nada, um Zé Ninguém, apesar da minha formação superior, da minha pós-graduação e dos cursos que fiz ao longo da carreira. Cheguei a acreditar que o problema era comigo. Duvidei totalmente da minha capacidade.
Isso, claro, se refletiu na minha vida pessoal. Tornei-me uma pessoa nervosa e descarregava todas as minhas angústias nos meus familiares. Muitas doenças apareceram, nesse meio tempo. Engordei muito, tive depressão e síndrome do pânico. Temia que algo pior pudesse acontecer, mas nunca apresentei um atestado médico, porque era ameaçada de demissão constantemente.
O circo de horror durou muito tempo e por fim joguei a toalha. Era isso ou ficar seriamente doente. “Tive que deixar para trás um ideal de vida, para que pudesse ter paz e saúde.”

Envie seu relato para raniery.monteiro@gmail.com       

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