Pular para o conteúdo principal

Parece sátira, mas é sarcasmo


Os sátiros eram divindades da natureza, na mitologia grega, e conhecidos como faunos, na romana. Com um aspecto estranho e bizarro para os padrões atuais, pois possuíam tronco humano (homem), membros inferiores de bode, nariz chato, lábios grossos, longas barbas, caudas e orelhas de...asnos e, claro, chifres.

Viviam nos campos e bosques e levavam uma vida sexual promíscua com as ninfas, incluindo aí, mulheres e rapazes. A esbórnia era o seu ambiente predileto ao lado do deus Dionísio, regado a vinho e orgias. Dançavam ao som de flautas, entre outros instrumentos. Os sátiros eram personagens obrigatórios dos "dramas satíricos” do teatro grego em homenagem ao deus Dionísio.

Representados no filme “labirinto de fauno” num contexto da Espanha fascista da Segunda Guerra Mundial, onde a imaginação de uma menina cruza o caminho de um capitão cruel e implacável. O Labirinto do Fauno é uma fábula ao mesmo tempo lírica e violenta, que tematiza as contradições e possibilidades contidas no simbolismo magicko onde magia e crueldade entram em conflito ocorrendo o confronto entre o poder perverso e a imaginação infantil.

Para os hebreus, os sátiros eram demônios. Era um tipo de entidade sobrenatural que habitava lugares desolados. Existe uma alusão à prática de realizar sacrifícios aos se'irim (sátiro) em Levítico, 17:7- “Nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios, com os quais eles se prostituem;”

Sarcasmo (do grego "sarkasmos" = “queimar a carne”) designa um escárnio ou uma zombaria, intimamente ligado à ironia com um intuito mordaz quase cruel, muitas vezes ferindo a sensibilidade da pessoa que o recebe. A origem da palavra está ligada ao fato de muitas vezes mordermos os lábios quando alguém se dirige a nós com um sarcasmo mordaz.

Considera-se algo irônico o comentário feito por uma pessoa, designando exatamente o oposto daquilo que realmente se pretendia dizer. O sarcasmo e a ironia estão estreitamente ligados, e ambos não correspondem àquilo que supostamente se pretenderia afirmar. A diferença entre estes conceitos está no fato de que o sarcasmo é sempre mais picante e mais provocador, enquanto que a ironia é uma simples contradição voluntária, com intuito menos áspero e feroz.

Etimologia e mitologia

Sarcástico, adj. que envolve escárnio; escornear, escornar = ferir com os cornos; (fig.) tratar com desprezo.

Na mitologia romana, um riso sardônico é sinônimo de gargalhada tragicômica, mordaz e satírica, ou seja, algo da esfera dos sátiros, companheiros de Saturno. Ora, a verdade é que quase todos estes termos brejeiros têm conotação sarcástica, cáustica e picante, 
própria de deidades infernais como Vulcano! De resto a brejeirice dos bacanais tinham na Grécia o acompanhamento de alegres deuses infernais tais como os Hefesto, Dionísio e os sátiros. 

Assim, a origem da palavra sarcasmo citada supra, poderá estar ligada a sacrifícios e rituais em nome dos deuses, típicos atos de fé mitológica da antiguidade, onde durante o sacrifício humano o sátiro supostamente gargalhava num prazer sádico ou infernal.
Fonte: Wikipédia

O que me chamou a atenção para o sarcasmo foi o fato de que onde trabalho há um chefe que se utiliza desta forma de violência verbal dentro de seus rituais de assédio sendo objeto unânime de comentários entre os colegas. Seu nome é associado a este tipo de comunicação perversa. Sua pessoa é uma imagem sarcástica como se fosse ele um sátiro.

O assédio moral se desenvolve por meio de relações antiéticas e imorais de caráter subjetivo onde dissimulação e o "não dito" são estratégias largamente utilizadas por agressores, e, portanto o sarcasmo está entre as ferramentas prediletas usadas por eles.

De característica tipicamente cruel, o sarcasmo é uma forma de cozinhar a vítima aos poucos sendo que junto à ironia, “nunca se diz nada ofensivo”. De forma paralela, se ataca e “brinca” sem que se possa, no primeiro instante, dizer se o que está ocorrendo é mesmo um deboche. É o joguinho infernal dos agressores.

Curiosamente este assediador tem uma história contada por seus pares, que é, no mínimo, pitoresca. Reza a lenda que este cidadão ostenta um belo par de chifres (cornos) e que teria oferecido sua própria mulher ao chefe em troca de ascensão profissional. Como por lá não dá pra levar a sério este tipo de comentário, vai saber, viu!

Mas, “ironicamente” a figura se completaria já que, assim como os sátiros,  ele adora usar de sarcasmo com os outros. Outro fato é que também é dependente químico assim como os seres mitológicos. Na realidade, precisaria de tratamento. Resta saber se também curte meninos assim como meninas. 


Eu sei, a esta altura, você está me chamando de sarcástico. Desculpe-me, mas não pude evitar.

Fato é, que a comunicação perversa se pauta pela covardia e assimetria no que diz respeito a um chefe já que ele se utilizará se sua posição para humilhar seu subordinado. Dependendo da pessoa, minará sua autoestima criando uma condição de desequilíbrio na relação de trabalho.

Esta comunicação perversa pode ser neutralizada caso não seja alimentada, pois muitas vezes o que o agressor quer é perturbar a pessoa de forma gratuita. Outra fator por trás deste tipo de agressão verbal pode ser a necessidade do assediador em chamar a atenção do seu objeto de inveja. Como não pode ser como o assediado tenta diminuí-lo de alguma forma, ao mesmo tempo em que não consegue tirá-lo da cabeça. parece até que possui uma certa atração sexual pela vítima, ainda que do mesmo sexo.

É engraçado notar que os sátiros eram vistos como demônios por outras culturas, ou seja, seres malignos e cruéis com caráter perturbador, assim como os assediadores. Determinados agressores manifestam comportamentos que apontam para uma frustração interna. Pense: se você fosse um côrno, não se sentiria frustrado também? Pode estar aí a razão de determinados agressores em descarregar suas dores nos outros. Mas, é uma teoria apenas, não tem nada comprovado.

Seja como for, o sarcasmo quando usado como mecanismo deflagrador de assédio moral é uma espécie de violência que não deve ser absorvida por ninguém. Se o agressor tem problemas pessoais que se resolva ou se conforme com eles, mas não tem o direito de despejá-los sobre os outros. 
Leia também: Os cornos dos sarcástico


Raniery
raniery.monteiro@gmail.com

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Eu, eu mesmo e...somente eu!

Nada é mais difícil de lidar que uma pessoa narcisista . Elas se acham a última azeitona da empada e acreditam que as pessoas existem para lhes servir.  Se arrogância pouca é bobagem, imagine, então, um ambiente que lhe proporcione manifestar a totalidade de sua megalomania. No filme de animação, Madagascar, há dois personagens que traduzem perfeitamente o estereótipo do narcisista: o lêmure, rei Julian e Makunga o leão ambicioso e ávido pelo poder. O rei dos lêmures, Julian, se ama e se adora e acredita firmemente que tudo acontece em sua função. Com uma necessidade incomum de ser admirado faz de tudo para aparecer e chamar a atenção. Já o leão Makunga encarna o tipo de vilão asqueroso, dissimulado e traiçoeiro que sempre está planejando algo pra puxar o tapete do leão alfa. Nas relações onde o assédio moral é forma de interagir, tais figuras estereotipadas e sem noção aparecem por trás de atos inacreditáveis de egocentrismo crônico.  Não podem ser contraria

Help Me Dr!

Viver é um processo de interação contínua e de exploração da realidade que está diante de nós. Sendo assim, aquilo que se apresenta e aparece diante de nossos olhos como real, nem sempre é de óbvia interpretação, encobrindo contextos mais complexos do que imaginaríamos, principalmente sob a superfície. Tampouco, significa isso dizer que não possamos identificar os elementos subjacentes de tal fenômeno. Que o assédio moral é um tipo de abuso tão antigo quanto o homem, não se discute, no entanto, nem sempre sua identificação (em termos de fatores) é tão simples, daí porque se dizer que é subjetivo. Inúmeras teorias dos especialistas emergem a cada momento e me permito levantar as minhas hipóteses, muito menos pra estabelecer um grau de informação científica, muito mais para suscitar em você a discussão sobre o tema. Pra fazer isso gostaria de utilizar os recursos da ficção científica para criarmos um contexto que nos possibilite explorar as inúmeras possibilidades que o fenô

Ninguém chuta cachorro morto

A expressão significa que as pessoas não atacam quem não tem valor, é insignificante, medíocre, mas alguém que possui características ou qualidades que incomodam e por isso as ameaça, daí porque utilizarem deste recurso numa tentativa de a diminuírem de alguma forma ao mesmo tempo em que se projetam. É da natureza de determinadas pessoas, que por uma inadequação interna, sentirem-se inferiores a outras, não pela suposta superioridade destas, mas pelo seu desajuste psicológico. Por isso, para alcançar o equilíbrio de seus centros emocionais praticam uma espécie de projeção imputando ao alvo de sua fúria seus próprios fantasmas internos. Este recalque as leva, então, a inventar boatos, viver em mexericos pelos cantos, disseminar a intriga e semear a discórdia contra a pessoa que vêm como sua competidora natural. E como se sabe que o problema é do desajustado? Simples: percebendo que a cada momento se elege um novo candidato ao posto de alvo. Sempre alguém não prestará ou será