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Covardes Desde Cedo

O Bullying é a versão infantil do assédio moral e, se, já se nasce psicopata não é menos verdade que uma natureza agressora acompanha a pessoa desde cedo.

Nesses dias fiquei indignado com o ponto em que a covardia chegou, pois se espalhou pelas redes sociais um vídeo de uma garota de 13 anos sendo espancada por outra maior que ela com a ajuda de um garoto. Um espetáculo dantesco de selvageria pura. Detalhe: a vítima sequer conhecia a agressora. Tudo não passa de uma armação dos agressores que escolhem alguém vulnerável, passam a espancá-lo para depois divulgar nas mesmas redes sociais e ganharem status de valentões.

Perceba que não estamos lidando com criancinhas inocentes que não sabem o que estão fazendo, ou que não discernem o certo do errado. São cruéis e perversos desde a tenra infância. O valentão não ataca alguém do seu tamanho, pois não pretende medir forças, afinal, é um covarde. O que quer é se impor aos tidos como mais fracos, ou que não da mesma índole que eles. Outra teoria, no caso do vídeo em questão, é de que a menina agressora sentiu-se inferiorizada pela beleza da menor, ou seu namoradinho olhou pra menina e, então, ela decidiu resolver a questão na base do tapa. Aliás, foi o tempo em que as princesinhas eram todas delicadas e femininas.

Caso recente, o do garoto que está sendo acusado de matar os pais Pms suscitou discussões acaloradas pelas mídias sociais e convencionais e as pessoas não admitiam a possibilidade de que o garoto fosse o responsável pelo bárbaro crime baseadas em falsos argumentos de uma realidade que a tempos não existe mais. Aliás, será que um dia existiu? Chegaram a ponto de associar com outro crime ocorrido com um guarda civil metropolitano em que a família fora morta também pra isentar aquele que está no momento sendo apontado como autor segundo evidências preliminares.

Quem não sofreu bullying um dia, né? Ou, sofreu, ou praticou. Não tem nada de novo a não ser a dimensão das novas tecnologias. E o que se pensava que estava proporcionando uma segurança aos filhos, com a internet o mundo agora está dentro de sua casa.

Quando eu era adolescente sequer passava pela minha cabeça que alguém visse minha namorada nua, hoje, a menina achando que está agradando o namoradinho, peguete, ficaste, seja o que for, produz vídeo se masturbando, transando, etc. e manda pro bonitão que, então, divide com os amigos, que dividem com a escola toda e a moça cai em desgraça.

Nesta mesma idade eu era franzino e alvo fácil dos valentões que decidiam, então, se auto afirmar me importunando até o dia que dicidi dar um basta e entrei numa academia e comecei a treinar musculação e kickboxing. À medida que ia pegando corpo e me tornando efetivo nos golpes, proporcionalmente ia perdendo  contato com os valentões da época  que, estranhamente, começaram a querer ser meus amigos e mudaram abruptamente de comportamento tornando-se verdadeiros cordeirinhos. Naquele tempo, infelizmente, nossos pais não tinham muito tato pra lidar com a situação e se ocorresse alguma coisa na escola ainda tomávamos uma surra em casa, ou seja, vítima duas vezes. Na época aquela foi a solução que encontrei e que deu certo.

E se você que é preconceituoso pensa que o bullying é coisa exclusiva de gente suburbana, de escola pública abandonada pelo Estado, está muitíssimo enganado. Nas escolas particulares de ponta, caríssimas, cheia de alunos de classe média a alta acontece a mesma coisa e com o mesmo índice de crueldade. Nos clubes esportivos de futebol, natação, ginástica artística, seja qual for a modalidade, tem a coisa da competição. Um determinado garoto ou garota começa a despontar e passa a ameaçar seu concorrente direto. Este, então, traça um plano: coagir psicologicamente seu concorrente para que saia de seu caminho- um clássico, diga-se de passagem. E isso não é exclusividade de garotos, pois os marmanjões (quem sabe seus pais) fazem o mesmo no trabalho, afinal de contas todos querem ser o número um. E pra isso, os fins justificam os meios.

O que quero chamar a atenção aqui é para uma condição de nossa sociedade que incentiva a competição desde a fralda. Os pais projetam suas frustrações ou expectativas nos filhos, e, estes, que crescem sem limites, mimados, sem disciplina acabam achando que são senhores de si e do mundo e deflagram estes episódios grotescos de selvageria.

A sociedade está reagindo e acordando para um monte de situações que era omissa e passiva ultimamente; precisamos reagir também resgatando valores sociais importantes e repassar isso aos nossos filhos para que possamos construir uma sociedade dita mais justa.
Raniery




raniery.monteiro@gmail.com
@Mentesalertas

Comentários

  1. Pelo visto a divulgação surtiu efeito já que retiraram o vídeo e a página. De qualquer forma, agressores são valentões até que se dê visibilidade aos seus atos. São bem corajosos quando não são expostos.

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